Esse ano eu tive a chance de assumir algumas aulas do curso semi-presencial de Ensino de Ciências da USP de São Carlos. Ministrei aulas de três disciplinas, sendo elas, Ensino de Ciências, Didática e Diversidade do Currículo Pós-LDB.
Dentro da minha experiência com ensino, ainda faltava o contato com o ensino superior, sendo que essas disciplinas me deram uma boa bagagem conceitual, uma vez que, os entraves existentes num curso semi-presencial no escopo da graduação são bem mais complexos do que em um curso presencial.
Em um curso semi-presencial, o sistema on-line é de extrema importância, tanto para o educador quanto para o estudante, uma vez que, grande parte da avaliação dos trabalhos e atividades são feitas com o auxílio de uma ponte virtual, em um banco de dados, que conecta o estudante e o corretor.
Devido ao contato atual das pessoas com plataformas interativas, redes sociais e conexão remota de alta velocidade, faz com que o rótulo em relação a um curso à distância ou semi-presencial acabem por criar um engôdo ao primeiro contanto com o curso.
Tanto para o educador, quanto para o estudante, pode parecer que o sistema ou plataforma, garantem uma grande proteção no que tange o desenvolvimento das atividades, entretanto, existem momentos específicos para que as mesmas sejam feitas. As atividades são liberadas à partir de um determinado dia e necessitam que os alunos façam a mesma durante um prazo estipulado. O diferencial disso tudo é que o aluno não consegue conversar com o professor para conseguir negociar e alterar o dia de entrega de uma atividade, havendo assim, uma grande necessidade do mesmo conseguir se organizar para desenvolver um curso superior.
Assim, torna-se claro que um curso semi-presencial, é muito indicado para pessoas que já tiveram algum contato com a graduação, que trabalham dentro de um regime que carece de organização, ou então, que possuem tempo para se aplicarem ao curso dentro dos períodos estipulados para o curso.
Obviamente, os exercícios não ficam aberto durante um único dia durante um período inviável, muito pelo contrário, os mesmos ficam abertos para depósito on-line por alguns dias, ou seja, os mesmo podem ser depositados até mesmo em períodos bastante alternativos. Dessa forma, as desculpas que alunos tentam geralmente dar, referente ao curto espaço de tempo, acabam sendo desconsideradas, uma vez que uma atividade ficar aberto para depósito por um período relativamente longo de tempo.
Um fato muito importante a ser considerado é que algumas vezes uma plataforma pode cair e dessa forma, perder dados que não estava ainda salvos, o que acaba por trazer reclamações, uma vez que as atividades são perdidas. Por isso, é importante que os alunos sempre façam backup do material, tendo em vista que, qualquer sistema on-line corre o risco de cair e sair fora do ar. Essa característica se mostra como um ponto crucial dos entraves desse tipo de ensino.
Por parte do educador, existe uma necessidade intrínseca do acompanhamento das atividades on-line, para compreender a evolução dos alunos e, também, de se manter atualizado referente ao material disponibilizado semanalmente aos alunos, sendo preciso fazer sempre o download dos mesmos, para que dessa forma, caso o sistema caia, o educador tenha salvo todo o conteúdo.
Cabe ao educador também, não só cobrar as atividades presenciais, mas, desenvolver e aplicar aulas durante os encontros. Em outras palavras, o educador possui uma grande responsabilidade em relação ao aprendizado dos alunos , uma vez que, o aprendizado não se dá somente com os vídeos, o estudo on -line, com a leitura de textos e entrega de atividades, sendo que, se não existe um esquema de tutorias, onde alguém trabalhe respondendo às dúvidas dos alunos, o professor necessita sim aplicar aulas e, dessa forma, conseguir suprir todas as questões dos alunos, sendo que, em muitos encontros, as atividades presenciais podem ser deixadas para serem feita em casa e entregues no próximo encontro.
Como resumo da experiência, consegui notar que os entraves de um curso semi-presencial acabam ocorrendo pela falsa comodidade, tanto dos alunos quanto dos educadores, em relação ao sistema, uma vez que o mesmo tem um escopo de praticamente não comprometimento pessoal, devido ao fato do curso parecer ser virtual, já que, o contato e o deslocamento físico, de ambos os sujeitos envolvidos (educador e educando) é quase que inexistente. A necessidade de deslocamento físico, acaba por forçar o aprendiz a ter um pouco mais de responsabilidade em relação ao curso, uma vez que, dentro de uma sala de aula, a tendência é do aluno seguir um período, dia e horário que delimitam o curso, isso faz com que a definição do que é uma disciplina seja mais presente na mente do aluno. Enquanto o aluno se mantém em casa, sem compreender a amplitude do curso que escolheu fazer e, da responsabilidade envolvida no processo, a compreensão referente ao que é uma graduação, acaba por não ser desenvolvida.
Em breve, pretendo trazer algumas informações sobre como é o processo de construção de um curso semi-presencial e quais os conteúdos que apliquei nessas disciplinas da USP aqui de São Carlos.