A cidade de São Carlos se localiza no centro do estado de SP, tendo aproximadamente uma população de 250 mil habitantes. A cidade é conhecida como Atenas Paulista, por possuir duas universidades públicas, no caso a USP e a UFSCar, sendo a cidade brasileira com o maior índice de doutores por habitante.
Dentro desse escopo acadêmico, seria algo estranho o crescimento do número de contaminados por COVID-19, fato esse que implica na morte de pessoas como consequência. Entretanto, o número de contaminados continua a crescer, sendo que com a flexibilização do comércio no dia 1 de Junho de 2020, ocorreu um acréscimo de 100% de casos.
Fiz um estudo sobre como se dá o comportamento da curva de contaminação e mortes por COVID-19, com dados liberados pela prefeitura do município de São Carlos, no período de 16 de Março à 21 de Junho de 2020.
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Fica claro que o crescimento do número de contaminados foi na ordem de aproximadamente 100%, em outras palavras, o número duplicou. Isso indica realmente uma correlação entre a flexibilização e o aumento de casos.
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Fonte: Prefeitura municipal de São Carlos. |
Podemos ver no gráfico de mortes que existe uma tendência linear do crescimento até a flexibilização, sendo que é dependente das notificações das autoridades. Entretanto, à partir do dia 11 de Junho ocorre um aumento que extrapola a linearidade. Levando a um desenho mais exponencial. Obviamente esses casos os casos pós flexibilização precisam ser rastreados e contabilizado o tempo de internação que as pessoas falecidas tiveram. Se considerarmos que pode girar em torno de 10 dias (valor especulado), a contaminação teria ocorrido entre 7 à 10 dias antes, o que remeteria ao início da flexibilização.
Como um todo a taxa de mortos por COVID-19 no município de São Carlos é de aproximadamente 3%, ou seja, a cada 100 pessoas contaminadas, 3 morrem. Para ficar mais simples de entender, podemos fazer uma analogia com uma sala de aula contendo 33 pessoas, 1 entre as 33 pode vir a falecer por COVID-19. Se paramos para pensar, esse não é um número baixo. Doenças muito mais infecciosas como catapora e rubéola, por exemplo, não possuem um índice próximo a 1 em um universo amostral de 33 pessoas.
Falácia:
Falência de empresas: O maior problema foi que a população se preocupou mais em manter empregos do que realmente fazer uma quarentena. A crença das falências em 40 dias somente ocorreria se não houvesse uma estratégia para manutenção (função do governo elaborar - é o único momento que o governo poderia se intrometer no cotidiano). A manutenção de empregos é importante, mas existem mecanismos governamentais que poderiam ter sido postos em prática. Como por exemplo a exigência de troca de períodos de férias, diminuição de 50% de salários obrigatório por 40 dias, cesta básica com valor congelado e extinção de impostos sobre a mesma e, dissolução de dívidas de serviços essenciais (água, luz, internet/telefonia, gás, coleta de lixo e tratamento de água e esgoto), no período, por cerca de 1 ano, sem possibilidade de quebra de contrato.
A garantia de que pode haver o parcelamento dos gastos por 12 meses já auxiliaria bastante o empreendedor. Outra coisa que tem que ficar claro é que o atual momento não é de lucrar, mas sim de se manter. A maioria dos comerciantes não entendeu que o período é de aceitar prejuízos e desdobrar-se para manter o comércio vivo, mas sem necessidade de abri-lo e colocar os funcionários em risco.