No dia 11 de julho de 1924, nascia em Curitiba Cesare Mansueto Giulio Lattes. O pai de César Lattes se chamava Giuseppe Lattes e conheceu na Itália o físico ítalo-ucraniano Gleb Wataghin, e quando ele veio dar aulas na USP, foi quem orientou César Lattes.
Gleb Wataghin é um importante nome na história da física brasileira, sendo um dos fundadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Ele tinha ficado responsável por criar os laboratórios científicos da universidade nascente.
Lattes começou a estudar na USP e a trabalhar com Wataghin ainda muito jovem, graduando-se físico no ano de 1943 com 19 anos.
Devido a grande proeminência do jovem Lattes na Física, em 1946 ele foi trabalhar com o professor Giuseppe Occhialini, no laboratório da Universidade de Bristol na Inglaterra, o qual era chefiado por Cecil Powell. Em pouco tempo, Lattes aprimorou a emulsão que Powell usava, adicionando Boro na mesma. Os testes de Lattes foram feitos no topo da cordilheira dos Andes na Bolívia, sendo que essa emulsão era distribuída em uma chapa de filme e exposta aos raios cósmicos. Com essa chapa ele conseguiu capturar o trajeto de partículas de massa intermediárias ao próton e ao elétron, ou seja, o méson pi. Lattes fez todo o trabalho experimental e teórico por trás da descoberta, sendo o primeiro autor do artigo publicado na Nature, o qual rendeu o prêmio Nobel a Cecil Powell, devido o desenvolvimento da técnica com o filme. Entretanto, nessa época os prêmios sempre eram oferecidos ao chefe da equipe, mudando isso no ano de 1960.
No ano de 1948, Lattes foi trabalhar nos EUA, na universidade de Berkeley, ao lado de Eugene Gardner, e lá no acelerador cíclotron ele conseguiu detectar partículas artificiais de méson pi, devido o bombardeamento de átomos de carbono por raios alfa. O que poderia garantir mais um prêmio Nobel ao chefe do laboratório. Contudo, devido aos trabalhos com Berílio, durante o projeto da bomba nuclear, Eugen Gardner estava muito doente, e o comitê do Nobel, como não oferecia o prêmio a pessoas em estado terminal ou prêmio póstumo, mais uma vez o trabalho de Lattes foi boicotado. Entre os anos de 1949 a 1954 Lattes foi indicado mais 5 vezes ao Nobel, sendo que tinha o respeito de cientistas como Niels Bohr.
Nos anos que se seguiram, Lattes se manteve ativo nos estudos de partículas cósmicas, sendo que trabalhou em Pisa, na Itália, como professor visitante em Chicago e, chegou a rejeitar um cargo para dar aula em Harvard. No Brasil, além de estudar na USP, ele foi professor e pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.
Fez parte da Academia Brasileira de Ciências e ajudou a fundar o Instituto de Física na Unicamp em 1963, onde trabalhou até 1986, quando recebeu o título de honoris causa e professor emérito.
Lattes não foi só um dos grandes cientistas brasileiros, mas também, um dos grandes cientistas do mundo, o qual tem sua passagem pela ciência marcada pelo estudo de coisas tão abstratas quanto partículas subatômicas. Ele faleceu no dia 8 de março de 2005, com 80 anos, na cidade de Campinas, devido a uma parada cardíaca.
Obviamente, após sua morte, seu legado continua a ser propagado no Brasil, sendo que a biblioteca central da UNICAMP recebe seu nome em homenagem, assim como a maior plataforma de currículos acadêmicos do Brasil foi batizada como “Plataforma Lattes”.