Muitos formandos na área de licenciatura em ciências, muitas vezes, se preocupam bastante com a estruturação de suas primeiras aulas. Essa preocupação excessiva, acaba por fazer com que o professor inexperiente cometa alguns erros bastante simples durante a execução de sua aula.
Devido ao fato das ciências naturais dependerem muito de demostrações, o professor acaba ficando com receio de não saber desenvolver uma demonstração específica, seja ela experimental ou mesmo teórica. Entretanto esse medo não surge do professor não acreditar que sabe pouco sobre o conteúdo, mas sim, da falta de confiança em estruturar a aula como um todo.
Dessa forma, hoje trago uma dica para professores mais inexperiente, dica essa que auxilia bastante na composição do discurso da sua aula.
Pense da seguinte forma:
O professor se posiciona como um interlocutor, semelhante a um vendedor ou apresentador, o qual quer vender um artigo, sendo que, nesse caso, o artigo a ser vendido é o conteúdo disciplinar de uma frente científica. Em outras palavras, quando o professor é inexperiente, ele deve montar um script da aula que vai dar. Consequentemente o professor pode agir em seu discurso como se fosse um ator, uma pessoa que tem uma base formulada por de trás.
Entretanto, como montar um script de uma aula?
Primeiramente, devemos lembrar que a aula não pode ser conduzida no formato de um seminário, ou seja, a aula nem sempre é linear e com fluidez, mas sim, interativa, com aberturas aos questionamentos, seja do professor para com os alunos ou mesmo dos alunos para com o professor. Dessa forma, o script que se monta deve contemplar todos os tópicos da aula, porém, não deve se prender aos aprofundamentos do conteúdo. Em outras palavras, o script vai servir para o professor conseguir montar uma estratégia de como desenvolver a aula.
O script não tem o conteúdo propriamente dito e explícito, mas sim, comporta-se como um mapa, para que o seu executor consiga se situar em qual momento ou situação da aula o professor se encontra.
Assim, um script mostra que, uma aula, deve ser dividida em partes, sendo bastante comum dividir a mesma em uma parte de introdução, onde se tem uma contextualização com a finalidade de explicitar um problema aos alunos, um momento de adentramento na teoria e por fim um clímax, que corresponde a explicação de como se resolver o problema apresentado e teorizado.
Inicialmente, se aconselha montar um script que se encaixe em uma folha só, pois, torna-se fácil a observação de qual o momento que o professor se encontra, entretanto, com a experiência, o script acaba ganhando contornos de um sumário de aula. Essa outra forma de se organizar para a ação de uma aula, se baseia na organização de um mapa, onde ficam explícitos somente os tópicos e títulos que serão abordados.
Abaixo, trago um exemplo, que se situa como um híbrido de script e sumário de aula. Nesse caso, temos um script que montei para uma aula de ensino de ciências, o qual ofereci para uma turma do curso semi-presencial de Licenciatura em Ciências da USP de São Carlos. Nesse encontro, contemplamos duas aulas inteiras, já que é uma turma do curso de ensino à distância (EAD) e, dessa forma, já tinham tido contato com o conteúdo mais extenso em casa.
O tema dessa aula se baseou em Ciência e Conhecimento, ou seja, um contexto bastante inicial para um curso de Ensino de Ciências.
Ciência e Conhecimento
1) O que é Ciências?
* Definição de Ciências – Ferramenta humana para interpretar (dar um significado cognitivo ao abstrato) fenômenos naturais e, dessa forma, conseguir trabalhar e desenvolver conhecimentos.
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2) O que é Aprender Ciências?
* Definição de Aprender – Conseguir trabalhar com algo, no caso da ciência, se utilizar de uma ferramenta de interpretação do que tange o natural e, dessa forma conseguir desenvolver novos meios de simplificação do dia-a-dia.
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3) O que mudou no ato de aprender Ciências ao longo do tempo? E o que não foi alterado?
a) Idealismo – Centralização do subjetivo. A verdade se encontra no mundo das ideias, aproxima do pensamento toda .
a.1) Se inicia com a caverna de Platão e a lógica de Aristóteles (utilização de um empirismo baseado na observação, sem haver a medição de fenômenos). o Jakob Böhme, Baruch Spinoza, Immanuel Kant, Johann Wolfgang von Goethe, Johann Gottlieb Fichte, Friedrich Hölderlin, Friedrich Schelling (século XVII).
b) Empirismo (Positivista) – O conhecimento está na realidade e de lá pode ser extraído por simples indução e observação, via testes, cálculos, modelagens matemática, controle de variáveis. o Se inicia com o trabalho de Descartes (método científico), de Galileu e Bacon.
c) Construtivismo - O construir da ciência (saber) é vinculado às crenças que já trazemos formuladas, ou seja, ninguém é uma tábula rasa, existe a necessidade de se levar em consideração o contato de outros sujeitos na construção do saber. Dessa forma, qualquer forma de cognição, percepção e conhecimento é concebida como construção ativa autônoma de um observador e não como simples reprodução passiva. o Jean Piaget, Kenneth Gergen (responde a Descartes – Estou ligado, logo existo).
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4) O que deve-se valorizar em aprendizado de ciências? E no ensino de ciências?
* A nível de ensino e aprendizado a ciência corresponde a um grupo de formas diferentes para resolução de problemas. Ou seja, as diversas frentes da ciência correspondem a cognições diferentes para um problema em questão.
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5) Existe algum forma de estruturar e administrar o ensino e a aprendizagem de ciências?
* Talvez essa seja a maior questão no que tange o aprendizado desde o início dos tempos.
* Exemplos?
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6) Natureza da ciência?
* A natureza da Ciência é entendida como um conjunto de elementos que tratam da construção, estabelecimento e organização do conhecimento científico. Isto pode abranger desde questões internas, tais como método científico e relação entre experimento e teoria, até outras externas, como a influência de elementos sociais, culturais, religiosos e políticos na aceitação ou rejeição de ideias científicas.
Notem que esse script indica que a aula possui 6 grandes questões (sublinhadas em amarelo). Também é possível notar que cada grande pergunta possui ao menos uma resposta objetiva (sublinhada em verde). E ainda, dentro de cada resposta objetiva temos alguma contextualização ou explicação da própria resposta (sublinhadas em azul). A ideia de se destacar os tópicos com cores, números, símbolos e tabulações, se mostra uma excelente estratégia para a organização da aula.
Entretanto, com o passar do tempo, as explicações (texto sublinhado em verde) que os professores mantém no script acabam perdendo um pouco sua função, uma vez que ocupam espaço demais nesse mapa e, com isso, o script vai alterando sua forma, principalmente no que tange ao tamanho da fonte do texto, uma vez que, quanto maiores forem as letras, mais simplesmente o professor vai se encontrar em sua organização. Um fato importante a ser lembrado é que o script é um instrumento de apoio, que pode ficar sobre a mesa durante a aula, entretanto não é nenhum crime o professor segura-lo durante o decorrer da aula, já que, o professor tem que estar à vontade durante o exercer de sua função, ao ponto de toda falta de confiança ser suprimida pelo uso de uma ferramenta de apoio.
Dessa forma podemos reorganizar o script, minimizando seu tamanho, deixando explicito somente os principais tópicos e suas objetividades. Como podemos ver abaixo:
Ciência e Conhecimento
1) O que é Ciências?
Interpretar fenômenos naturais
2) O que é Aprender Ciências?
Novos meios de simplificação do dia-a-dia.
3) O que mudou no ato de aprender Ciências ao longo do tempo? E o que não foi alterado?
a) Idealismo – Centralização do subjetivo.
a.1) Caverna de Platão e a lógica de Aristótele
b) Empirismo (Positivista) – O conhecimento está na realidade
c) Construtivismo - Crenças que já trazemos formuladas
4) O que deve-se valorizar em aprendizado de ciências? E no ensino de ciências?
Cognições diferentes para um problema em questão.
5) Existe algum forma de estruturar e administrar o ensino e a aprendizagem de ciências?
Maior questão no que tange o aprendizado.
* Exemplos?
6) Natureza da ciência?
Construção, estabelecimento e organização do conhecimento científico.
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