sábado, 31 de dezembro de 2016

Mudança do Currículo do Ensino Médio - Qual a verdadeira prioridade que devemos discutir?

Estamos vivendo um período onde se discute a mudança do ensino médio e, isso é de extrema relevância para professores discutirem, porém, esse é um assunto que dever ser trabalhado de forma apartidária, sem que existam ideologias por trás, ou seja, não podemos nos deixar levar por ideias políticas na discussão de um tema tão importante.

Antes de discutir o que deve mudar na ementa curricular, temos que pensar em um outro fator, sendo que esse eu considero de maior relevância que a mudança do currículo. Esse fato corresponde ao número de aluno por sala.

Agora por que isso é tão importante?
A resposta para isso é bem simples e, se passa pelo fato de que um professor não consegue desenvolver um bom trabalho, em um escopo onde, não se pode ter a percepção em curto espaço de tempo se a matéria está sendo compreendida. Essa percepção, somente é passível de ocorre, se a turma for limitada em um total de 15 alunos, uma vez que o professor consegue se conectar a um nível praticamente pessoal e individual com todos os alunos da turma.

Hoje, isso é impossível de acontecer, uma vez que as turmas são compostas por 40 alunos, sendo que muitas vezes (eu já passei por isso), um professor ou os alunos, não possuem cadeiras ou carteiras para se sentarem, já que a infraestrutura da escola é limitada. Esse problema físico nos leva a um problema de cansaço dentro de sala de aula, pois, se aumenta o barulho, o calor e o espaço diminui, o que leva a problemas óbvios de alocação de material e pessoas. Nunca é saudável se estudar ou mesmo fazer qualquer atividade onde não se consegue determinar um espaço próprio, o que leva ao estresse, uma característica extremamente ruim para atividades que necessitam de uso de concentração e intelecto.

Dessa forma, existe a necessidade de se construírem novas escolas, que garantam uma média de 15 a 20 alunos nas salas das escolas públicas. O interessante de se aumentar o número de escolas numa cidade é que para se erguer os prédios gera-se temporariamente empregos, ou seja, circula a curto prazo uma quantia de dinheiro na cidade, depois disso, agora pensando a longo prazo, novas escolas vão ajudar a crescer pequenos comércios em seus arredores, uma vez que a escola se torna um ponto de referência e fluxo de pessoas. Em muitos casos se criam novas rotas de transporte público, o que garante melhores condições de pessoas usufruírem de transporte público mais próximo de casa. Ou seja, regionalmente uma construção pública que serve de ponto referencial só possibilita melhoria para bairros mais afastados. Ainda existe mais um fato importante a ser discutido nesse âmbito, que é o aumento da necessidades de profissionais da educação, logo, novos concursos públicos seriam abertos, já que a escola tem uma demanda de professores, pedagogos, psicólogos, auxiliares de diversas funções, indo desde limpeza até coordenação, bibliotecários e até mesmo pediatras. 

Podemos ver que, escolas novas, não somente ajudam a diminuir o número de alunos por sala, mas também contribuem para melhor desenvolvimento de áreas onde não se tinham centros educacionais. Além de tudo isso, as escolas também contribuem com centros de recreação que ficam abertos de fim de semana, mas é claro, isso dependente do desenvolvimento de projetos. Esses projetos podem ajudar, desde a manter jovens e adultos dentro de um ambiente saudável, como também fornecer cursos de especialização populares.

Outro fator interessante, que podemos ter, com o aumento de números de salas é que o investimento e a valorização de cursos de licenciatura farão com que a profissão de professor seja mais procurada, uma vez que, garante emprego, pois tem demanda e não seria mais tão estafante dar aulas em uma sala com 15-20 alunos do que nas atuais salas com 40 pessoas estressadas.

É claro, isso que falo, somente é perceptível para quem convive ou já trabalhou dentro das escolas por algum tempo, sendo que, muitas vezes quem pensa em fazer uma modificação no ensino médio, não leva isso em consideração. Ou seja, o maior problema que devemos pensar é inicialmente na infraestrutura e depois avaliar se o que ocorre é de caráter acadêmico (fato esse que eu duvido muito!)

Caro leitor, você pode ver que eu nem entrei no fato do currículo nesse texto, pois não creio que o problema seja o aluno escolher qual carreira quer seguir. O fato de estudarmos várias frentes no colegial por três anos não é algo imposto, mas sim, matérias que possuem formas diferentes de desenvolvimento cognitivo levando a novas abstrações frente a resolução de um problema, ou seja, as matérias não são só de conteúdo instrucional, mas também tem função abstracionística. Uma outra característica é que as matérias não são simples ao ponto de serem desenvolvidas de forma autodidata, o que leva a dependência implícita de um tutor. Por isso, é interessante os alunos terem contato com o máximo possível de frentes.

Outra mudança, que pode ser interessante frente à melhoria do caráter aprofundamento no estudo, é garantir que as escolas sejam em período integral, levando ai sim, um aluno escolher algo diferente do currículo básico, sendo que poderia fazer aulas de reforço de uma matéria específica, cursos técnicos (eu fiz curso técnico em uma ETEC e foi muito bom), laboratórios de ciências, aulas de línguas estrangeiras, ou seja, permitir que no período extra os jovens possam escolherem o que desejam se aprofundar e desenvolverem projetos.

Também, além de tudo isso, deve-se iniciar um estudo de qual o melhor horário para começarem as aulas, já que é constatado que os alunos não rendem com aulas começando às 7:00 da manhã. Existem várias pesquisas que mostram que os jovens necessitam de um período maior para dormir, para que consigam ter um bom aproveitamento. Talvez, iniciarem as aulas às 8:00 ou 8:30 e as mesmas se alongarem até às 13:00 horas com intervalo das 10:30 às 11:00, com refeição incluída e também uma merenda próxima das 15:00 horas, uma vez que a escola seria em período integral. Obviamente, o horário de saída seria próximo das 17:00 horas, para possibilitar os alunos voltarem num período claro para casa.

Resumindo tudo isso, antes de começarmos a pensar se, existe necessidade de mudarmos a ementa e o formato do currículo, existe primeiramente o dever de pensarmos o que é prioridade para se desenvolver essas possíveis mudanças e, essas prioridades se baseiam inicialmente em mudarmos a estrutura de organização da escola, pois do contrário, podemos implantar qualquer currículo e modelos educacionais de "primeiro mundo", que não vai dar certo.

Mais para frente discutiremos sobre o currículo que pensam em implantar e na possibilidade dos alunos poderem montar a ementa curricular à partir do segundo ano de colegial.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Por que grande parte dos alunos consideram estudar muito chato?

O povo brasileiro é criado para se divertir, ou seja, tudo na nossa nação gira em torno de entretenimento, por isso os reality shows fazem tanto sucesso por aqui.

A primeira coisa a ser ensinada para um filho seu, é que, nem tudo na vida, nem tudo o que é importante, tem que ser prazeroso, legal e gostoso de se fazer. Eu tenho formação em educação, tudo bem que é em uma instituição onde as ementas curriculares são marxistas (mas fico feliz que consegui perceber isso e, tornei minha formação na área educacional menos parcial e doutrinada)... E isso me fez perceber que, realmente, existe a formação visada em menos disciplinaridade e mais em uma interdisciplinaridade de caráter político e social.

Isso a princípio pode parecer legal, porém, não permite que o verdadeiro objetivo das diversas matérias do ensino seja alcançado, objetivo esse que é, criar novas formas cognitivas de se encarar um mesmo fato, característica essa que já bate de frente com o discurso errado, de quem, crê que o ensino é ruim pelo fato de ser superficial e tentar tornar os alunos em especialistas de áreas determinadas.

A disciplina, não tem que ser divertida ou mesmo, de dar uma super formação (um aluno de química não tem que sair do ensino médio sabendo entrar em um laboratório e conseguiu fazer uma síntese orgânica), mas sim, saber que, podemos usar química para compreender fenômenos da biologia, ou que, química está correlacionada com fatos históricos. Ou seja, levar ao aluno, informação coerente e que lhe ajude a desenvolver processos cognitivos. Essa é a interdisciplinaridade sadia. Porém, a interdisciplinaridade defendida na maioria dos cursos de licenciatura é a de olhar para o meio onde a pessoa vive e, tentar, extrair informação relevante de um meio "capenga". Não que isso não seja possível, na realidade é interessante, mas se trabalhado de forma complementar e não sendo o pilar do ensino.

Antes de se dar uma aula de química, física, biologia... qualquer matéria, onde, se vai aliar um experimento ou observação, que, pode ser utilizado meios cotidianos para uma explicação, deve-se anteriormente, se adentrar no conceito mais rebuscado, principalmente pelo fato do aluno ter necessidade de aprender no mínimo termos que se utilizam no universo científico. Logo, o ensino não pode passar por um processo de desconstrução da disciplinaridade, com finalidade de torna-lo somente mais atraente.

Por isso, deixo esse conselho, quando iniciar a criação e educação de seu filho, além dele ter que brincar e se divertir, pois isso também faz parte do crescimento cognitivo, existe a necessidade de impor limites e obrigações, para que a criança, desde a infância, consiga desenvolver esse senso, de que, existem coisas importantes, que necessariamente, devem ser levadas com seriedade, mesmo que seja enfadonho.



Creio que o maior inimigo da educação brasileira está ligado com, uma cultura desenvolvida por nós todos, que diz: "Tudo que é enfadonho queremos distância"... Por isso tantos feriados, festas, férias e o empurrar com a barriga.