segunda-feira, 22 de junho de 2020

Quadro de contaminação e mortes na cidade de São Carlos - SP

A cidade de São Carlos se localiza no centro do estado de SP, tendo aproximadamente uma população de 250 mil habitantes. A cidade é conhecida como Atenas Paulista, por possuir duas universidades públicas, no caso a USP e a UFSCar, sendo a cidade brasileira com o maior índice de doutores por habitante. 

Dentro desse escopo acadêmico, seria algo estranho o crescimento do número de contaminados por COVID-19, fato esse que implica na morte de pessoas como consequência. Entretanto, o número de contaminados continua a crescer, sendo que com a flexibilização do comércio no dia 1 de Junho de 2020, ocorreu um acréscimo de 100% de casos. 

Fiz um estudo sobre como se dá o comportamento da curva de contaminação e mortes por COVID-19, com dados liberados pela prefeitura do município de São Carlos, no período de 16 de Março à 21 de Junho de 2020.

Fonte: Prefeitura municipal de São Carlos.
 A linha vermelha nos gráficos demonstra a tendência de contaminação. A linha pontilhada refere-se ao dia de flexibilização do comércio, ou seja, 1 de Junho. Todavia não podemos analisar os dados no dia 1 de Junho, mas sim, levando em consideração o tempo de incubação do vírus, que pode levar de 7 à 14 dias. Fazendo uma média, podemos analisar a curva a partir do dia 10 ou 11 de Junho para vermos como se comportou a contaminação.

Fica claro que o crescimento do número de contaminados foi na ordem de aproximadamente 100%, em outras palavras, o número duplicou. Isso indica realmente uma correlação entre a flexibilização e o aumento de casos.
Fonte: Prefeitura municipal de São Carlos.
No que se refere ao número de mortos esse número não tem um horizonte próximo ainda, pois uma pessoa pode ficar internada por muito mais tempo do que o tempo de incubação. Considerando que leva em média de 7 à 10 dias para o vírus se manifestar e que o tempo de internação pode levar até 30 dias, bem provavelmente, o número de mortos seja mais bem contabilizado, frente às pessoas que se contaminaram no período de flexibilização, mais ou menos em 20 de Julho.


Fonte: Prefeitura municipal de São Carlos.

Podemos ver no gráfico de mortes que existe uma tendência linear do crescimento até a flexibilização, sendo que é dependente das notificações das autoridades. Entretanto, à partir do dia 11 de Junho ocorre um aumento que extrapola a linearidade. Levando a um desenho mais exponencial. Obviamente esses casos os casos pós flexibilização precisam ser rastreados e contabilizado o tempo de internação que as pessoas falecidas tiveram. Se considerarmos que pode girar em torno de 10 dias (valor especulado), a contaminação teria ocorrido entre 7 à 10 dias antes, o que remeteria ao início da flexibilização.

Como um todo a taxa de mortos por COVID-19 no município de São Carlos é de aproximadamente 3%, ou seja, a cada 100 pessoas contaminadas, 3 morrem. Para ficar mais simples de entender, podemos fazer uma analogia com uma sala de aula contendo 33 pessoas, 1 entre as 33 pode vir a falecer por COVID-19. Se paramos para pensar, esse não é um número baixo. Doenças muito mais infecciosas como catapora e rubéola, por exemplo, não possuem um índice próximo a 1 em um universo amostral de 33 pessoas.

Falácia:
Falência de empresas: O maior problema foi que a população se preocupou mais em manter empregos do que realmente fazer uma quarentena. A crença das falências em 40 dias somente ocorreria se não houvesse uma estratégia para manutenção (função do governo elaborar - é o único momento que o governo poderia se intrometer no cotidiano). A manutenção de empregos é importante, mas existem mecanismos governamentais que poderiam ter sido postos em prática. Como por exemplo a exigência de troca de períodos de férias, diminuição de 50% de salários obrigatório por 40 dias, cesta básica com valor congelado e extinção de impostos sobre a mesma e, dissolução de dívidas de serviços essenciais (água, luz, internet/telefonia, gás, coleta de lixo e tratamento de água e esgoto), no período, por cerca de 1 ano, sem possibilidade de quebra de contrato.

A garantia de que pode haver o parcelamento dos gastos por 12 meses já auxiliaria bastante o empreendedor. Outra coisa que tem que ficar claro é que o atual momento não é de lucrar, mas sim de se manter. A maioria dos comerciantes não entendeu que o período é de aceitar prejuízos e desdobrar-se para manter o comércio vivo, mas sem necessidade de abri-lo e colocar os funcionários em risco.