sábado, 16 de dezembro de 2017

Como tratar resíduos químicos?

Vale ressaltar que esse é um procedimento básico de tratamento de resíduos químicos, sendo que, existem outros processos para o tratamento de outros compostos. Nesse caso, temos o tratamento de Sulfato de Cobre dissolvido em uma solução aquosa básica, com outros sais e Fenolftaleína, o que torna-se simples o processo de remoção para descarte do Hidróxido de Cobre (composto precipitado no final). Dependendo do composto que possa se encontrar no meio, existe a necessidade de se adicionar carbonatos para forçar um precipitação mais brusca e depois fazer uma filtragem com pH baixo, para evitar que compostos que poderiam ser solúveis na presença de hidróxido, passem livre na fase aquosa pelo filtro e, assim, contaminem o meio ambiente.

O laboratório de química é um ambiente rodeado de material tóxico, sendo que existe grande necessidade de se proteger com o uso de alguns equipamentos, tendo finalidade, evitar o contato da pele, dos olhos e de um aspirar acidental de algum composto.



Entretanto, além de proteger o químico, também existe o fato de que, o material gerado após uma pesquisa, ou seja, o resíduo, tem que ser eliminado de maneira correta. Em geral, nas faculdades, existem laboratórios especializados para fazer o tratamento de material que será descartado. Obviamente, esse material tem que ser armazenado de forma correta e então encaminhado para a unidade que faz o tratamento. Nessas unidades de gerenciamento de resíduos os químicos podem aplicar diversas técnicas para conseguir evitar ao máximo o impacto ambiental que esses compostos causam.

Contudo é bom iniciar o tratamento de forma antecipada, levando para as unidades de tratamento de resíduos somente produtos que sejam bem identificados, por isso é importante sempre marcar nos galões de coleta aquosa quais compostos se encontram misturados naquele meio. 

Nesse vídeo, mostro como se fazer um tratamento inicial de resíduos, filtrando a parte sólida da aquosa, que fica retida em papel de filtro. Esse material sólido pode ser incinerado ou, se estiver puro, reaproveitado e, disponibilizado para nova utilização.

O tratamento se baseia em aumentar o pH da solução, forçando assim a precipitação do composto suspenso. Dessa forma, existem duas formas para se remover a parte sólida da líquida, sendo uma a decantação e a outra a filtração. Com o aumento do pH, em geral se formam novos hidróxidos no meio (processo de deslocamento de íons), sendo que, os compostos solubilizados na solução começam a precipitar e ficar num aspecto de gel. O processo de decantação é um pouco demorado, pois, todo o composto necessita passar para o estado sólido afim de ser removido. Entretanto, com a filtração se pode ir passando diversas alíquotas da amostra pelo filtro, removendo mais rapidamente o sólido. 

Existem formas diferentes de filtração, sendo que a mais comum para grande quantidades de amostra se baseia na filtração à vácuo. Nesse exemplo, eu uso a chamada filtração por gravidade, ou seja, a solução passa pelo filtro em um sistema verticalizado, tendo como ajuda somente a força da gravidade.

No fim do vídeo existe um bônus, onde mostro como ocorre o processo de decantação de uma solução rica em cobre e fenolftaleína. Esse experimento está com a filmagem acelerada, sendo que o processo todo de decantação leva em torno de uns 10 minutos. Devido a presença do indicador ácido-base fenolftaleína, mostra-se claro que a solução está básica, devido a coloração lilás da parte líquida, enquanto que a parte sólida se mantém em um verde claro.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Como não ficar frustrado com vestibulares.

No fim do ano, é normal que muita gente tente, realizar o sonho, de entrar em uma faculdade, seja a mesma uma faculdade pública, seja a mesma uma faculdade particular.

Entretanto, nem todos conseguem garantir uma vaga, pois é muitos cursos possuem um grande número de postulantes a uma vaga, ou seja, somente aqueles que estão mais acostumados com o ritmo de estudos que uma prova de vestibular cobra, vai conseguir se destacar.

O vestibular pode parecer algo injusto e frustrante, pois você, muitas vezes, vê seus amigos entrando na faculdade, enquanto você não. O que tenho a mostrar nesse vídeo, é uma experiência minha em relação ao processo de amadurecimento, frente a uma escolha.


Não estou ensinando como passar no vestibular, mas sim, mostrando que na maioria das vezes, quem faz com que, o vestibular se torne frustrante, é a nossa perseverança no estudo, ou seja, sempre temos que melhorar a qualidade de nosso estudo, buscar formas alternativas de estudo e também, deixarmos preconceitos de lado (busca por status) e fazermos o que somos bons.

Gostar de algo e projetar algo, não nos faz bons nesse algo... Então, é importante sabermos notar isso e, tomar coragem para modificar o rumo de nossas vidas. Comigo foi assim, com a maioria das pessoas é assim, pois isso é algo normal.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Condutividade Elétrica em Soluções de Sulfato de Cobre

Nesse vídeo, é apresentado um experimento bastante interessante, onde pode-se estudar a condutividade de energia elétrica através de uma solução iônica. 

No experimento, são usadas três soluções de Sulfato de Cobre com concentrações diferentes, sendo que o béquer menos concentrado o de coloração mais clara (0,001 mol/L), o intermediário o de coloração esverdeada (0,1 mol/L) e o mais concentrado o de cor azul anil (2,0 mol/L). 



O objetivo do experimento é mostrar que o sistema aumenta a condutividade elétrica com o aumento da concentração de solução de Sulfato de Cobre, sendo que, pode-se observar que a relação concentração x condutividade interfere diretamente na intensidade do brilho de uma pequena lâmpada de LED ligada ao sistema.

O efeito ocorre, devido ao fato de que, o Sulfato de Cobre se dissocia em solução aquosa, formando íons Cu2+ e íons sulfato SO42- que auxilia na condução elétrica. Os íons atraem os elétrons, ficando carregados e, por  necessidade de maior estabilização na solução, os íons se aproximam e dessa forma cria-se um meio mais contínuo para a movimentação elétrica. Logo, com maior concentração de íon no meio, mais fácil se dá a aproximação e dessa forma mais simples a condução elétrica.

Dessa forma, a solução de Sulfato de Cobre age como se fosse uma emenda no fio que se encontra ligado ao sistema elétrico.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

História da Química | Idade Média e a Ciência - Parte 2

Dando continuidade a vídeo-aula sobre história da química, entramos agora no âmbito das invasões árabes no período da idade média.

Nesse período (711 a 1492 d.C.), os árabes rumaram para regiões mais férteis e invadiram partes do Magreb (norte africano), oriente médio, grande parte da península Ibérica e regiões do Mediterrâneo como um todo. Os reinos árabes (califados) duraram por mais de 600 anos, sendo que aos poucos começaram a perder força e sendo substituídos novamente por reinos cristãos.

A nível de ciência, uma das figuras mais importantes foi o califa Kalid ibn Yazid (dinastia Omíada), que ordenou a tradução de todos os documentos alquímicos do grego e latim para o árabe. Isso possibilitou que a alquimia européia se tornasse algo palpável aos árabes. Assim, personagens como al-Razi, Geber e Avicena despontaram como grandes expoentes.

Considerado o pai da alquimia árabe, Geber (721-815 d.C.) foi quem introduziu a ideia de transmutação de metais entre os muçulmanos. Além disso tentou fazer uma caracterização da matéria um pouco mais rebuscada, tentando caracterizar os elementos como dependentes da umidade, secura, calor e frio, ou seja, era baseado nos elementos gregos (água, terra, fogo e vento). Entretanto, a maior contribuição que Geber deu para a ciência foi o desenvolvimento de vidro transparentes, possibilitando assim, a criação de diversas vidrarias.


Outro alquimista muito importante para o mundo árabe foi al-Razi (825-925 d.C.), que estudou muitas frentes da ciência, como astronomia, filosofia, medicina, lógica e metafísica (além de poesia), ele conseguiu criar uma nova definição para os elementos, sendo que, esses agora eram baseados em espíritos (compostos voláteis), corpos (metais sólidos), vitríolos (sulfatos), pedras (rochas), boráxes e sais. 

O alquimista árabe mais famoso foi Avicena (981-1037), também conhecido como o Aristóteles árabe. Dentre suas produções, existe o Cânone de Medicina, o qual foi usado até o século XIX, devido a sua descrição de anatomia e tratamentos ser muito precisa. Na alquimia, Avicena foi um dos primeiros a romper com a ideia de transmutação, ele acreditava em porcentagens de mercúrio (Hg) e enxofre (S) para compor os metais, sendo que, um metal puro seria aquele que fosse compostos pelas porcentagens específicas de Hg e S em suas espécies puras. Dessa forma, o ouro (Au), por ser considerado o metal mais nobre, ele seria composto por Hg e S de extrema pureza, sendo que não poderiam ser encontrados livres na natureza, assim, não seria possível produzir ouro, devido ao fato de não se ter possibilidade de trabalhar com o Hg e S o mais puros possíveis.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

História da Química | Idade Média e a Ciência - Parte1

Nesse vídeo trago uma aula sobre história da química, onde falo sobre o início da idade média com a queda de Roma e o modelo de ciência que estava em vigor na época. 

Os romanos foram grandes construtores, arquitetos e metalúrgicos, que beberam muito da fonte grega para o desenvolvimento de tecnologia. Conquistando uma certa tranquilidade no que tange à dominância pela força que a tecnologia trazia em relação aos outros povos da época, pode-se desenvolver características civilizatórias, como uma política embasada em direitos e deveres.

Entretanto, com uma crise política sem precedentes ocorrendo no império, facilitou a entrada de bárbaros no império, havendo o primeiro saque à cidade de Roma em 476 d.C., sendo esse um fato que formalizou a queda do império.



A característica científica da época se estabelecia em uma crença surgida na época de Platão, onde acreditava-se que existia um sábio denominado Hermes Trimegisto, o qual escreveu cerca de 42 livros, sendo que um deles, a Tábua Esmeraldina, continha a definição do que a alquimia estudava. Além disso, considerava-se também como digno de notoriedade, qualquer que fosse o documento que tivesse o selo de Hermes, ou seja, a referência do fato está mais ligada a importância do certificante do que do próprio fato.

Com o crescimento do cristianismo, os documentos certificados por Hermes tornaram-se hereges, uma vez que, a verdade suprema se encontrava nas sagradas escrituras. Obviamente, essa não foi uma medida para calar os pré-cientistas, mas sim, uma forma de cobrar maior notoriedade de um dado, em outras palavras, se for para acreditar em um documento que pode ter recebido um selo falso, então, é melhor acreditar nas sagradas escrituras. 

Além disso, o que se desenvolvia nessa época era um processo cultural de defesa, ou seja, foi necessário tomar uma única cultura abrangente que servisse de base para manter a unidade social e regional. Dessa forma, o cristianismo tornou-se a cultura aceita dentro da Europa. Assim, evitava-se que culturas de fora chegassem nos reinos e levassem a uma ruptura da sociedade, ou seja, era uma grande estratégia de defesa popular.

Um outro fato interessante que deve ser ressaltado é que a Idade Média não foi a Era das Trevas como muitos dizem, mas sim, um período onde as pessoas desenvolviam ciência e o mais importante, começaram a organiza-la em temas, buscaram maior notoriedade dos fatos, procuraram desenvolver métodos para ensinar e também registrar os dados descobertos. Foi o período onde surgiram as primeiras faculdades e a criação de tecnologias que levaram ao desenvolvimento de máquinas complexas na idade moderna.

domingo, 8 de outubro de 2017

Como construir uma bateria de 4 Volts com pilhas de Daniell miniaturizadas.

Nesse vídeo mostro duas maquetes bem simples, as quais retratam um sistema que gera eletricidade, em outras palavras, estamos falando de uma pilha e uma bateria.



Existem diversas maneiras de se preparar uma pilha, sendo que o mais importante é encontrar uma boa ponte salina para que ocorra a troca de íons entre as soluções. Para isso pode-se pensar em uma parede porosa que consiga separa duas soluções de um sal que possua o cátion da mesma espécie do ânodo e do cátodo respectivamente. É muito importante que essa parede tenha capacidade de manter uma troca entre as soluções, entretanto, que tenha alguma resistência para se manter íntegra por bastante tempo. Podemos usar para isso vários tipos de materiais, como uma cuba de cerâmica sem pintura e até mesmo um pedaço de mangueira em "U" com uma solução concentrada de algum sal fortemente iônico, sendo que, a ponta da mangueira deve estar tapada com algodão nas suas extremidades. 

Esse esquema em "U" é o experimento típico dos cursos de química, mas nesse caso, existe uma vidraria específica para isso e, a solução não é mantida líquida, mas sim, na forma de gel, usando para isso Agar-Agar. No esquema mais caseiro podemos fazer isso com gelatina, solubilizando uma NaCl dentro da mangueira em "U". Essa mangueira pode ser feita desse jeito enrolando um arame maleável na sua superfície e assim dando a forma em "U". É importante ressaltar que o arame não pode entrar em contato com as soluções eletrolíticas. Depois o esquema da pilha é o mais trivial, sendo baseado na pilha de Daniell, ou seja, com células separadas, sendo ligadas pela ponte salina.

Vou deixar aqui o link do experimento que fiz durante o curso de química e que montei uma matéria para esse blog: Pilhas Galvânicas e de Concentração.

No caso da bateria montei com o uso de seringas como células, pois são pequenos tubos transparentes, o que possibilita todos verem a solução de Sulfato de Cobre e de Sulfato de Zinco junto com os metais que são Cobre e Zinco (cátodo e ânodo respectivamente) sendo ligados por uma pequena ponte salina. Essa pequena ponte salina é feita com um pedaço de mangueira ou então com a cobertura plástica de um cabo elétrico (cortei o plástico do cabo com um estilete, afim de desencapa-lo e poder remove-lo como se fosse um tubo). Dentro desse tubo coloquei algodão e cuidadosamente passei o algodão pela ponta das seringas (sem agulha), afim de conecta-las. Obviamente montei a pilha com ela seca ainda, ou seja, sem as soluções. Pelo outro lado da seringa, ou seja, no êmbolo (parte móvel), furando a borracha bem no centro e passando o fio pelo plástico do êmbolo. A borracha veda a seringa evitando que a solução vaze. Na ponta do fio, que fica na parte interna da seringa, deve ser soldado o metal que ira funcionar como eletrodo para aquela determinada célula. Antes de ser fechada a célula, introduzindo o êmbolo, deve-se adicionar a solução eletrolítica. Essa é a parte mais complicada da montagem do equipamento, pois, deve-se pensar na posição exata que a célula irá ficar, uma vez que, com o auxílio de uma agulha, faz-se um furo no plástico que fica virado para cima, para evitar vazamento. 

Em outras palavras, podemos dizer que cada par de seringa compõem uma pilha. Afim de conseguir medir uma voltagem maior, ligamos todas as pilhas em série, soldando o fio do cátodo de uma com o fio do ânodo da outra, deixando o fio do cátodo do primeiro par e o fio do ânodo do último par sem serem ligados, tendo como finalidade conecta-los no voltímetro.
Vou deixar abaixo algumas fotos desse bateria que montei.





O equipamento que usei para mostrar que a corrente realmente passa por um sistema e pode ser medida pelo voltímetro é uma maquete com soluções de concentrações diferentes. Mais para frente farei um vídeo explicando mais especificamente como ele funciona.

Referente ao experimento, deve ficar claro que a voltagem gerada é de aproximadamente 4 Volts, mas não é possível gerar trabalho pois a amperagem é extremamente baixa, ficando em torno de 0,01 amperes. Uma bateria de moto por exemplo tem 12 Volts (para isso poderia ser feito um total de 12 pares de pilhas miniaturizadas como fiz com as seringas), entretanto, a amperagem é de 8 amperes, o que possibilita desenvolver trabalho. Uma pilha normal geralmente gera 1 A.

Existe um aparelhinho bastante simples que serve para aumentar a amperagem de pilhas fracas, esse equipamento se chama Ladrão de Joules, em breve trago um esquema de construção, entretanto, é muito simples de se encontrar tutoriais de construção do mesmo na internet.

Eis um adendo: No fim do vídeo eu falo que a bateria consegue produzir uma corrente de 4 V, mas isso não está certo, o correto é tensão em vez de corrente. Corrente se mede Amperes.

sábado, 16 de setembro de 2017

Experimento de Galvanoplastia (Cobreação)

Aqui temos mais um vídeo sobre um experimento bastante bonito e que pode ser facilmente preparado para aulas de laboratório, mesmo sem o laboratório, ou seja, em sala de aula mesmo. O professor consegue facilmente montar uma maquete utilizando vidros de compota por exemplo. 



A galvanoplastia, por seu apelo visual, leva a um processo de assimilação mais rápido por parte do estudante, já que ele vê o processo ocorrendo, ou seja, por ser uma reação rápida e até mesmo icônica, faz com que o aluno crie os chamados "frames mentais", que são fotos de fenômenos que ele consegue guardar como lembrança de experiências e não somente como processo decorativo.

Materiais
Solução de Sulfato de Cobre 0,1 mol/L; 
Tensão da fonte em 12 V (usei uma fonte de 12 V, mas com uma fonte de 3 V de celular também é possível montar o experimento, fica somente um pouco mais demorado); 
Eletrodo de Cobre (fio de Cobre de maior espessura para construção civil);
Eletrodo de deposição - aço inoxidável (para evitar reação com a solução de Sulfato de Cobre quando o equipamento não estiver em uso).

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Paulo Freire - Influenciadores e ideologia.

Quando iniciamos nossa carreira em educação, somos apresentados ao Freirismo dentro da universidade. Esse termo Freirismo se remete ao pedagogo brasileiro Paulo Freire, que hoje é considerado mundialmente como o maior expoente em pedagogia, sendo o mais citado dentre os especialistas dessa área. 

Entretanto, existe um contraponto importante no que tange Paulo Freire e que não é discutido.

Atualmente, quando iniciamos uma pós-graduação em educação, é extremamente comum dentro da ementa curricular existirem matérias de cunho marxista e isso se dá pois, o grande expoente da área de pedagogia ser um marxista, em outras palavras, Paulo Freire desenvolveu sua teoria baseada na doutrina marxista. 

Um dos grandes influenciadores de Paulo Freire e, quem sabe o maior influenciador foi Antonio Gramsci. Dessa forma, antes de falarmos sobre o pedagogo brasileiro vamos falar um pouco sobre quem o influenciou. 

Atonio Gramsci foi um político, escritor, filósofo, crítico de literatura e jornalista italiano, nascido na Sardenha a 22 de janeiro de 1891, falecendo em Roma a 22 de abril de 1937. Ganhou influência dentro da política pois escrevia para um jornal marxista no período em que muitos Sardos vinham para a cidade de Turim, onde estava sendo desenvolvido um processo de industrialização. Devido ao fato de se encontrar no mesmo estado de pobreza que essas pessoas, que buscavam sindicatos para se organizarem, Gramsci se afiliou ao Partido Socialista Italiano, iniciando sua careira dentro da política.

Além de sua vida política movimentada, a qual não vou entrar em maiores detalhes, Gramsci desenvolveu teorias as quais foram muito bem aceitas entre as minorias. Entretanto, existia um outro lado da moeda nessas teorias. 

Um dos trabalhos mais citados de Gramsci é a teoria marxista da Hegemonia Cultural, onde em resumo, podemos dizer que existe uma luta de classes existente entre culturas, sendo que uma cultura de uma determinada classe social imprime uma dominação ideológica sobre a outra. No caso, obviamente ele se referia à burguesia e aos operários.

O grande problema da Hegemonia Cultural é que ela ensinou e ajudou a criar um movimento, bastante estudado por Saul Alinsky (um escritor e filósofo que morou nos EUA e que podemos discutir um pouco mais em outra postagem), que expressava o fato de que uma revolução primeiro tem que ocorrer no contexto cultural e depois se alastrar para o meio político, uma vez que, quando se tem uma nova hegemonia cultural, se consegue impor uma nova política.

Dessa forma, se iniciou o que podemos chamar de um semear de pequenas sementes marxistas dentro de todas as principais áreas que representam os pilares da sociedade, ou seja, ideais marxistas começaram a serem plantadas (no início e meio do século XX) dentro das instituições educacionais, religiosas e também políticas. Com o passar do tempo essa "nova cultura" iria crescer (e cresceu!) e abrir caminho para a implantação da mudança política.

No caso, a ideia desses filósofos e políticos era trazer a tona o marxismo na sociedade e sobrepujar outras culturas. A princípio pode parecer irônico o fato de uma ideologia que se diz em prol de uma democratização querer impor uma ideologia única, entretanto, tudo sempre foi muito bem calculado, com o intuito de uma maior dominação de cunho político.

A ideia sempre foi buscar em diversas minorias um poder político e, implantar doutrinas onde essas minorias se identificassem e começassem a crer que sempre pensaram daquela forma. Isso fazia com que essas minorias começassem a perpetuar grupos políticos no poder, pois consideravam que esses grupos visavam as melhorias da sociedade. Obviamente, essa estratégia foi agregada dentro da educação.

Paulo Freire, por mais bem intencionado que fosse, bebeu da fonte dos criadores desse processo de consolidação do marxismo como a base fundamental do que tange a educação. Atualmente, em centros de pesquisa educacional nos países da América Latina, Ásia, Europa e até mesmo EUA, é quase impensável não se usar de estudos marxistas.


Nessa imagem temos uma escultura que se encontra em Estocolmo na Suécia, com alguns expoentes do marxismo, sendo que além de Paulo Freire (segundo da esquerda para a direita) temos Pablo Neruda e também Mao-Tsé-Tung (ditador e genocida chinês). Os ideais marxistas acabam por visar o marxismo como imaculado, logo, quem o exalta não seria um "criminoso", mas sim um revolucionário que buscava a igualdade popular.

Torna-se muito claro que o processo da Hegemonia Cultural foi muito bem implantado na sociedade, principalmente no que tange a educação, sendo que, não existem outras formas de estruturação de cursos de formação de pedagogos sem que esses tenham uma base marxista como o seu único horizonte.

Isso por sua vez, acaba por culminar diretamente nas escolas, que se tornam redutos de marxismo. Obviamente, os culpados pela não existência de uma pluralidade frente às ideologias de esquerda e direita na educação não é de responsabilidade do professor da escola, mas sim, de quem forma esses profissionais, em outras palavras, dos responsáveis pela criação de ementas curriculares de cursos de graduação e também de pós-graduação.

Em próximas publicações iremos dar continuidade a essa discussão e, tentar compreender se existe alguma forma de coibir a consolidação de ideologias dentro da faculdade e consequentemente das escolas e sociedade como um todo. Também vamos discutir um pouco de como Paulo Freire trabalhou sua pedagogia, passando um pouco sobre as ideias de opressão e discussão política como algo importante no processo de construção do cidadão. 

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

História da Química | Civilização Grega - Parte 2.

Nessa vídeo-aula darei continuidade a contribuição que a Grécia deu à ciência, entretanto, também já se inicia um pouco sobre a alquimia mais fundamentada, ou seja, temos a introdução à Idade Média. 

Entre o mundo Helênico e a Idade média, obviamente, se tem muitos séculos, entretanto, como esse curso prioriza trazer o mínimo de conhecimento sobre a química em diversos períodos históricos (ou ao menos os mais relevantes), se torna necessário, muitas vezes, darmos esses pulos de centenas e centenas de anos. 



Dessa forma, são apresentados nesse vídeo os elementos químicos que os gregos (helênicos) descobriram, tiveram contato ou foram apresentados.


Esses vídeo-aulas que faço, obviamente, possuem uma abrangência maior para quem já iniciou um curso de ciências, por isso, não fico falando coisas muito básicas, sendo que, um dos objetivos desses vídeos é auxiliar a professores e alunos de licenciatura a terem em mãos uma ferramenta que os ajudem a lembrar de conceitos, ou mesmo entenderem melhor os mesmo.

Dessa forma, tomo por base que quem vê esses vídeos já possuem algum conhecimento prévio, como por exemplo a classificação que mostro (classificação moderna dos elementos), veio muito depois do mundo helênico, com Dmitri Mendeleiev (o qual vamos ver mais para frente). O mesmo vale para características dos átomos dos elementos. Mas para caráter de comparação entre os elementos como eram classificados pelo alquimistas e atualmente pela ciência, creio ser importante para uma melhor compreensão e até quebras de paradigma.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Sobre projetos que se iniciarão em breve.

As vídeo-aulas que estou fazendo, principalmente sobre história da química, são relativamente trabalhosas para serem confeccionadas, entretanto, como professores, nós sabemos que todas as aulas que fazemos são difíceis de serem montadas. Essa dificuldade está relacionada com fato do trabalho de criação, na maioria das vezes, não estar vinculada dentro do tempo da atuação em sala efetivamente. 

Ou seja, a ementa cobra que o professor prepare suas aulas, mas não garante um retorno financeiro para que todos possam se manterem motivados e com a vida financeira em dia. Isso acarreta no fato dos professores terem que dar muitas aulas e, por darem muitas aulas, obviamente, o tempo de preparo das mesmas acaba sendo prejudicado e, dessa forma, a questão do ensino também fica ruim.

Então, vou tentar preparar uma vídeo-aula por mês e, trazer também alguns experimentos gravados que faço no laboratório. Além disso, estou preparando também uma série que vou montar vídeos sobre todos os elementos da tabela periódica, incluindo até mesmo os que foram descoberto a menos tempo (como é o caso dos elementos sintetizados com massa muito alta). Ao mesmo tempo, pretendo trazer videos de exercícios sendo resolvidos e uma série em que farei um bate-papo, explicando e discutindo algumas coisas interessantes sobre ciência.

Nesse último projeto, tenho como intuito discutir sobre coisa que estão em alta nos jornais, internet, revistas e programas em geral, que estão relacionadas com ciência. Por exemplo, se aparecer uma reportagem falando sobre o uso de um composto químico para o desenvolvimento de uma nova tecnologia, ou sobre um remédio novo, ou qualquer coisa que está na mídia chamando a atenção em direção à ciência. Eu acredito que isso seja importante, pois nem sempre os dados e os conceitos são discutidos de forma correta, o que acaba por gerar um problema referente a divulgação do conhecimento. Além disso, creio que é interessante uma visão de alguém que se encontra estudando dentro da academia científica e que tem maior possibilidade de conseguir encontrar as informações de forma mais correta, ou ao menos conseguir simplifica-las. A única ressalva se dá pelo fato de que durante um mês pode surgir uma novidade muito interessante, assim como duas ou três, ou mesmo nenhuma. Dessa forma, essas discussões em teoria não teria uma periodicidade fixa.

Então, a ideia é produzir uma vídeo-aula, um experimento gravado e ao menos uma discussão sobre algum fato interessante que está em alta na mídia e se relaciona com ciência.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Nunca menospreze um composto químico (experimento que deu errado) - Reação exotérmica do Permanganato de Potássio.

Além das aulas de história da química, também pretendo trazer alguns experimentos que eu faço no laboratório e, que podem ter alguma explicação didática para se aplicar em sala de aula. Obviamente, meu objetivo é o de criar maquetes científicas que podem ser aplicadas em ambientes formais e não formais de ensino (já que esse é o meu tema de pesquisa do doutorado em educação), entretanto, existem alguns experimentos que não dão certo de cara e, necessitam de um pouco mais de elaboração, pois, as coisas saem fora de controle facilmente.

Nesse vídeo, mostro um experimento onde uso Permanganato de Potássio (KMnO4), açúcar e energia, com o intuito de liberar chamas, entretanto, o experimento dá errado. Essa energia, vem com o atrito entre os cristais de Permanganato de Potássio (pode ser testado com uma solução de Permanganato de Potássio também) com o açúcar, o que gera então uma reação exotérmica, onde surgem faíscas, que se tornam chamas bastante luminosas. 



O problema desse experimento é que o Permanganato de Potássio estava vencido a mais ou menos 24 anos e, não estava havendo a ignição somente com o atrito, então, acreditei que, com a adição de energia externa (no caso fogo), poderia haver a formação de algumas faíscas... Foi um grande erro meu.

Como acreditei que não haveriam chamas, nem mesmo um cadinho eu utilizei (o cadinho é o equipamento correto ara esse tipo de experimento), depositando o Permanganato de Potássio e o açúcar sobre um vidro de relógio (vidraria específica para secagem de sais e não para teste de chamas ou reações exotérmicas).

Devido ao fato de eu não me preparar com antecedência e subestimar o composto químico, ocorreu o acidente que vemos no vídeo. Dessa forma, fica muito claro duas coisas que todo professor de química deve respeitar, sendo o primeiro, o teste prévio do experimento antes de entrar em sala de aula e, o segundo, NUNCA MENOSPREZAR A POTENCIALIDADE DE UM COMPOSTO QUÍMICO, mesmo que no rótulo apareça como vencido.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

História da Química | Civilização Grega - Parte 1.

Hoje trago mais uma aula sobre História da Química, no caso, é a aula 4, onde temos a introdução ao mundo Helênico, em outras palavras "A Civilização Grega e a Ciência - Parte 1 - A Filosofia Grega".

Desde já peço desculpas pelo excesso de repetições da palavra "ou seja", pois, durante a gravação eu tive que rever algumas coisas referente às minhas anotações. Então, precisei fazer várias gravações e concatenar tudo depois.

Eu melhorei o equipamento de capitação de som, fazendo uma alteração no cabo do microfone, onde tornou-se possível usar o celular como se fosse um gravador. O bom é que ficou com bem menos ruído de estática no fundo, tornando viável o tratamento de áudio com um software simples e gratuito como o Audacity. A montagem do vídeo foi realizada no software Sony Vegas Pro 14, que também tem o download gratuito, entretanto com a necessidade de uma chave de ativação. Todos os slides do vídeo eu contruí com auxílio de outros dois softwares gratuitos, no caso o Photoscape e o Photofilter.

A utilização de softwares gratuitos é muito bom pois, habilita a publicação de seu trabalho sem ter qualquer problemas com direitos autoriais. Então, deixo desde já a dica para o uso desse tipo de material para a confecção de qualquer trabalho.

Agora entrando mais especificamente no vídeo.

Nessa aula, vamos adentrar nos pensamentos dos filósofos do mundo helenístico, que influenciaram muito no desenvolvimento da ciência como conhecemos hoje. Dessa forma, vamos falar sobre o desenvolvimento da teoria dos quatro elementos, a ideia do princípio fundamental e do atomismo.


domingo, 23 de julho de 2017

Primeiras impressões sobre o contato com a docência no ensino superior.

Esse ano eu tive a chance de assumir algumas aulas do curso semi-presencial de Ensino de Ciências da USP de São Carlos. Ministrei aulas de três disciplinas, sendo elas, Ensino de Ciências, Didática e Diversidade do Currículo Pós-LDB.

Dentro da minha experiência com ensino, ainda faltava o contato com o ensino superior, sendo que essas disciplinas me deram uma boa bagagem conceitual, uma vez que, os entraves existentes num curso semi-presencial no escopo da graduação são bem mais complexos do que em um curso presencial.

Em um curso semi-presencial, o sistema on-line é de extrema importância, tanto para o educador quanto para o estudante, uma vez que, grande parte da avaliação dos trabalhos e atividades são feitas com o auxílio de uma ponte virtual, em um banco de dados, que conecta o estudante e o corretor.

Devido ao contato atual das pessoas com plataformas interativas, redes sociais e conexão remota de alta velocidade, faz com que o rótulo em relação a um curso à distância ou semi-presencial acabem por criar um engôdo ao primeiro contanto com o curso.

Tanto para o educador, quanto para o estudante, pode parecer que o sistema ou plataforma, garantem uma grande proteção no que tange o desenvolvimento das atividades, entretanto, existem momentos específicos para que as mesmas sejam feitas. As atividades são liberadas à partir de um determinado dia e necessitam que os alunos façam a mesma durante um prazo estipulado. O diferencial disso tudo é que o aluno não consegue conversar com o professor para conseguir negociar e alterar o dia de entrega de uma atividade, havendo assim, uma grande necessidade do mesmo conseguir se organizar para desenvolver um curso superior.

Assim, torna-se claro que um curso semi-presencial, é muito indicado para pessoas que já tiveram algum contato com a graduação, que trabalham dentro de um regime que carece de organização, ou então, que possuem tempo para se aplicarem ao curso dentro dos períodos estipulados para o curso.

Obviamente, os exercícios não ficam aberto durante um único dia durante um período inviável, muito pelo contrário, os mesmos ficam abertos para depósito on-line por alguns dias, ou seja, os mesmo podem ser depositados até mesmo em períodos bastante alternativos. Dessa forma, as desculpas que alunos tentam geralmente dar, referente ao curto espaço de tempo, acabam sendo desconsideradas, uma vez que uma atividade ficar aberto para depósito por um período relativamente longo de tempo.

Um fato muito importante a ser considerado é que algumas vezes uma plataforma pode cair e dessa forma, perder dados que não estava ainda salvos, o que acaba por trazer reclamações, uma vez que as atividades são perdidas. Por isso, é importante que os alunos sempre façam backup do material, tendo em vista que, qualquer sistema on-line corre o risco de cair e sair fora do ar. Essa característica se mostra como um ponto crucial dos entraves desse tipo de ensino.

Por parte do educador, existe uma necessidade intrínseca do acompanhamento das atividades on-line, para compreender a evolução dos alunos e, também, de se manter atualizado referente ao material disponibilizado semanalmente aos alunos, sendo preciso fazer sempre o download dos mesmos, para que dessa forma, caso o sistema caia, o educador tenha salvo todo o conteúdo.

Cabe ao educador também, não só cobrar as atividades presenciais, mas, desenvolver e aplicar aulas durante os encontros. Em outras palavras, o educador possui uma grande responsabilidade em relação ao aprendizado dos alunos , uma vez que, o aprendizado não se dá somente com os vídeos, o estudo on -line, com a leitura de textos e entrega de atividades, sendo que, se não existe um esquema de tutorias, onde alguém trabalhe respondendo às dúvidas dos alunos, o professor necessita sim aplicar aulas e, dessa forma, conseguir suprir todas as questões dos alunos, sendo que, em muitos encontros, as atividades presenciais podem ser deixadas para serem feita em casa e entregues no próximo encontro.

Como resumo da experiência, consegui notar que os entraves de um curso semi-presencial acabam ocorrendo pela falsa comodidade, tanto dos alunos quanto dos educadores, em relação ao sistema, uma vez que o mesmo tem um escopo de praticamente não comprometimento pessoal, devido ao fato do curso parecer ser virtual, já que, o contato e o deslocamento físico, de ambos os sujeitos envolvidos (educador e educando) é quase que inexistente. A necessidade de deslocamento físico, acaba por forçar o aprendiz a ter um pouco mais de responsabilidade em relação ao curso, uma vez que, dentro de uma sala de aula, a tendência é do aluno seguir um período, dia e horário que delimitam o curso, isso faz com que a definição do que é uma disciplina seja mais presente na mente do aluno. Enquanto o aluno se mantém em casa, sem compreender a amplitude do curso que escolheu fazer e, da responsabilidade envolvida no processo, a compreensão referente ao que é uma graduação, acaba por não ser desenvolvida.

Em breve, pretendo trazer algumas informações sobre como é o processo de construção de um curso semi-presencial e quais os conteúdos que apliquei nessas disciplinas da USP aqui de São Carlos.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Um pequeno hiato nas publicações.

Devido ao fato da USP exigir que se curse matérias avançadas na área da química (no mestrado cursei matérias de físico química e atualmente estou cursando Química Analítica Avançada), então estou tendo um pequeno entrave para trazer conteúdo para o blog. 

Além disso, também estou lecionando três matérias (Ensino de Ciências, Didática e Diversidade nas prescrições curriculares para a educação básica pós-LDB n9.394/96) no curso semi-presencial de licenciatura em ciências da USP, onde tenho obrigações curriculares para com meus alunos e a instituição.

Em breve retorno com atividades normais, principalmente trazendo novas aulas e minhas impressões no ensino superior.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Como montar um apoio para o desenvolvimento de uma aula.

Muitos formandos na área de licenciatura em ciências, muitas vezes, se preocupam bastante com a estruturação de suas primeiras aulas. Essa preocupação excessiva, acaba por fazer com que o professor inexperiente cometa alguns erros bastante simples durante a execução de sua aula.

Devido ao fato das ciências naturais dependerem muito de demostrações, o professor acaba ficando com receio de não saber desenvolver uma demonstração específica, seja ela experimental ou mesmo teórica. Entretanto esse medo não surge do professor não acreditar que sabe pouco sobre o conteúdo, mas sim, da falta de confiança em estruturar a aula como um todo.

Dessa forma, hoje trago uma dica para professores mais inexperiente, dica essa que auxilia bastante na composição do discurso da sua aula.

Pense da seguinte forma: 
O professor se posiciona como um interlocutor, semelhante a um vendedor ou apresentador, o qual quer vender um artigo, sendo que, nesse caso, o artigo a ser vendido é o conteúdo disciplinar de uma frente científica. Em outras palavras, quando o professor é inexperiente, ele deve montar um script da aula que vai dar. Consequentemente o professor pode agir em seu discurso como se fosse um ator, uma pessoa que tem uma base formulada por de trás.

Entretanto, como montar um script de uma aula?

Primeiramente, devemos lembrar que a aula não pode ser conduzida no formato de um seminário, ou seja, a aula nem sempre é linear e com fluidez, mas sim, interativa, com aberturas aos questionamentos, seja do professor para com os alunos ou mesmo dos alunos para com o professor. Dessa forma, o script que se monta deve contemplar todos os tópicos da aula, porém, não deve se prender aos aprofundamentos do conteúdo. Em outras palavras, o script vai servir para o professor conseguir montar uma estratégia de como desenvolver a aula.

O script não tem o conteúdo propriamente dito e explícito, mas sim, comporta-se como um mapa, para que o seu executor consiga se situar em qual momento ou situação da aula o professor se encontra.

Assim, um script mostra que, uma aula, deve ser dividida em partes, sendo bastante comum dividir a mesma em uma parte de introdução, onde se tem uma contextualização com a finalidade de explicitar um problema aos alunos, um momento de adentramento na teoria e por fim um clímax, que corresponde a explicação de como se resolver o problema apresentado e teorizado.

Inicialmente, se aconselha montar um script que se encaixe em uma folha só, pois, torna-se fácil a observação de qual o momento que o professor se encontra, entretanto, com a experiência, o script acaba ganhando contornos de um sumário de aula. Essa outra forma de se organizar para a ação de uma aula, se baseia na organização de um mapa, onde ficam explícitos somente os tópicos e títulos que serão abordados.

Abaixo, trago um exemplo, que se situa como um híbrido de script e sumário de aula. Nesse caso, temos um script que montei para uma aula de ensino de ciências, o qual ofereci para uma turma do curso semi-presencial de Licenciatura em Ciências da USP de São Carlos. Nesse encontro, contemplamos duas aulas inteiras, já que é uma turma do curso de ensino à distância (EAD) e, dessa forma, já tinham tido contato com o conteúdo mais extenso em casa.

O tema dessa aula se baseou em Ciência e Conhecimento, ou seja, um contexto bastante inicial para um curso de Ensino de Ciências.


Ciência e Conhecimento 


1) O que é Ciências?
* Definição de Ciências – Ferramenta humana para interpretar (dar um significado cognitivo ao abstrato) fenômenos naturais e, dessa forma, conseguir trabalhar e desenvolver conhecimentos.


_________________________________________________________________________________



2) O que é Aprender Ciências?
* Definição de Aprender – Conseguir trabalhar com algo, no caso da ciência, se utilizar de uma ferramenta de interpretação do que tange o natural e, dessa forma conseguir desenvolver novos meios de simplificação do dia-a-dia.


_________________________________________________________________________________



3) O que mudou no ato de aprender Ciências ao longo do tempo? E o que não foi alterado? 
a) Idealismo – Centralização do subjetivo. A verdade se encontra no mundo das ideias, aproxima do pensamento toda .

 a.1) Se inicia com a caverna de Platão e a lógica de Aristóteles (utilização de um empirismo baseado na observação, sem haver a medição de fenômenos). o Jakob Böhme, Baruch Spinoza, Immanuel Kant, Johann Wolfgang von Goethe, Johann Gottlieb Fichte, Friedrich Hölderlin, Friedrich Schelling (século XVII).

b) Empirismo (Positivista) – O conhecimento está na realidade e de lá pode ser extraído por simples indução e observação, via testes, cálculos, modelagens matemática, controle de variáveis. o Se inicia com o trabalho de Descartes (método científico), de Galileu e Bacon.

c) Construtivismo - O construir da ciência (saber) é vinculado às crenças que já trazemos formuladas, ou seja, ninguém é uma tábula rasa, existe a necessidade de se levar em consideração o contato de outros sujeitos na construção do saber. Dessa forma, qualquer forma de cognição, percepção e conhecimento é concebida como construção ativa autônoma de um observador e não como simples reprodução passiva. o Jean Piaget, Kenneth Gergen (responde a Descartes – Estou ligado, logo existo).


_________________________________________________________________________________



4) O que deve-se valorizar em aprendizado de ciências? E no ensino de ciências?
* A nível de ensino e aprendizado a ciência corresponde a um grupo de formas diferentes para resolução de problemas. Ou seja, as diversas frentes da ciência correspondem a cognições diferentes para um problema em questão.


_________________________________________________________________________________



5) Existe algum forma de estruturar e administrar o ensino e a aprendizagem de ciências?
* Talvez essa seja a maior questão no que tange o aprendizado desde o início dos tempos.
* Exemplos?


_________________________________________________________________________________



6) Natureza da ciência? 
* A natureza da Ciência é entendida como um conjunto de elementos que tratam da construção, estabelecimento e organização do conhecimento científico. Isto pode abranger desde questões internas, tais como método científico e relação entre experimento e teoria, até outras externas, como a influência de elementos sociais, culturais, religiosos e políticos na aceitação ou rejeição de ideias científicas.

Notem que esse script indica que a aula possui 6 grandes questões (sublinhadas em amarelo). Também é possível notar que cada grande pergunta possui ao menos uma resposta objetiva (sublinhada em verde). E ainda, dentro de cada resposta objetiva temos alguma contextualização ou explicação da própria resposta (sublinhadas em azul). A ideia de se destacar os tópicos com cores, números, símbolos e tabulações, se mostra uma excelente estratégia para a organização da aula. 

Entretanto, com o passar do tempo, as explicações (texto sublinhado em verde) que os professores mantém no script acabam perdendo um pouco sua função, uma vez que ocupam espaço demais nesse mapa e, com isso, o script vai alterando sua forma, principalmente no que tange ao tamanho da fonte do texto, uma vez que, quanto maiores forem as letras, mais simplesmente o professor vai se encontrar em sua organização. Um fato importante a ser lembrado é que o script é um instrumento de apoio, que pode ficar sobre a mesa durante a aula, entretanto não é nenhum crime o professor segura-lo durante o decorrer da aula, já que, o professor tem que estar à vontade durante o exercer de sua função, ao ponto de toda falta de confiança ser suprimida pelo uso de uma ferramenta de apoio.

Dessa forma podemos reorganizar o script, minimizando seu tamanho, deixando explicito somente os principais tópicos e suas objetividades. Como podemos ver abaixo:

Ciência e Conhecimento 


1) O que é Ciências?
Interpretar fenômenos naturais

2) O que é Aprender Ciências?
Novos meios de simplificação do dia-a-dia.

3) O que mudou no ato de aprender Ciências ao longo do tempo? E o que não foi alterado? 
a) Idealismo – Centralização do subjetivo.
 a.1) Caverna de Platão e a lógica de Aristótele
b) Empirismo (Positivista) – O conhecimento está na realidade
c) Construtivismo - Crenças que já trazemos formuladas

4) O que deve-se valorizar em aprendizado de ciências? E no ensino de ciências?
Cognições diferentes para um problema em questão.

5) Existe algum forma de estruturar e administrar o ensino e a aprendizagem de ciências?
Maior questão no que tange o aprendizado.
* Exemplos?

6) Natureza da ciência? 
Construção, estabelecimento e organização do conhecimento científico.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

O mundo acadêmico é para qualquer um?

Atualmente, estou em um ciclo de expressar algumas opiniões por aqui e, faço isso por motivos simples. O primeiro motivo se baseia no fato de estar inserido nas burocracias do doutorado, onde tenho que fazer matérias específicas e também assistir palestras, além de escrever projeto de pesquisa, participar de reuniões, ler artigos, adentrar em projetos e até mesmo dar aulas no nível superior, o que acaba me atrapalhando um pouco na produção das vídeos aulas.

O segundo motivo, se dá por um momento onde muitas pessoas acreditam ter conhecimento para falar sobre diversas frentes, uma vez que, com diversos meios de comunicação e as redes sociais, cria-se uma maré de opiniões que não tem fundamentos teóricos, entretanto, ricamente embasada em fundamentos políticos.

Então, após essa explicação, vamos entrar no conteúdo que pretendo abordar nesse texto.


Fazer faculdade e ter um diploma é essencial? 
Essa pergunta é extremamente importante e deve ser tratada com muito cuidado, para que, não se crie generalizações e ou mesmo "preconceitos".

O conhecimento deve sempre ser tratado como um evento natural na vida de uma pessoa, sendo que, o mesmo vai se construindo ao redor de experiências cotidianas e obviamente de eventos induzidos para que o conhecimento seja desenvolvido. Dessa forma, tudo o que necessita ser induzido para que o conhecimento seja desenvolvido frente a uma área mais abstrata, necessita de um tutor, uma vez que, a simples observação de um fenômeno não surtirá efeito.

Um exemplo disso é se pensarmos no homem primitivo como abordei no vídeo sobre o desenvolvimento dos relatórios (Link do vídeo), onde inicialmente havia necessidade de se utilizar dos sentidos para identificar um observável, ou seja, se um pássaro comia uma fruta e o hominídeo o visse comendo, obviamente a probabilidade daquilo ser comestível era muito grande. Entretanto, compreender o que tem naquela fruta e, dessa forma, ter certeza que algum componente da mesma é bom para a saúde, esse já é um conhecimento que depende do desenvolvimento de técnicas e metodologias. 

Fica bastante claro que existem níveis e tipos diferentes de conhecimento, ou seja, é necessário que o indivíduo se aplique em busca de novas formas de abstração, para que consiga desenvolver um arcabouço com a finalidade de expandir seu universo de conhecimento. Em outras palavras, o conhecimento só pode ser expandido se o indivíduo o buscar, passando pelos níveis, desde o mais simples, que se baseia no caráter sensorial, depois pelo senso comum e por fim no conhecimento abstrato.

Assim o conhecimento não é algo impositivo, mas sim, algo a ser buscado pelo indivíduo, entretanto, que deve sim ser incentivado nos níveis iniciais, onde a abstração ainda é bastante simplória. Com a posse dessa ideia, podemos determinar que, o início do aprendizado básico existe uma necessidade do responsável pela formação de uma criança apresentar o conhecimento como algo a ser conquistado e não como algo obrigatório. Obviamente, na maioria das vezes isso não ocorre, sendo que, a escola acaba por ganhar a posição de formadora do conhecimento. 



Repassar para a escola a função de formadora do espírito científico e  muitas vezes, também, o caráter moral, aos indivíduos em formação, é um grande erro por parte dos responsáveis, uma vez que, a escola somente tem a função (pelo menos era assim em princípio), de servir de tutoria frente aos conteúdos mais abstratos e que necessitam de uma formação cognitiva específica. Dentro do escopo das diversas matérias existentes no currículo escolar, as mesmas tem como objetivo trazer novas formas de pensar e apresentar ao indivíduo informações e formas cognitivas de trabalhar frente a um problema comum. Isso acaba por despertar o que chamamos de vocação no que tange à escolha profissional.

Com a formação do espírito profissional do indivíduo, o mesmo consegue determinar qual área do conhecimento se interessa ou mesmo possui maior facilidade. Entretanto, como foi dito anteriormente, são diversas as formas de conhecimento e inteligência. Dessa forma, dependendo da área, nem sempre existe a necessidade de um nível superior para aplicar a vocação profissional. Um exemplo bem fácil de se imaginar é com pessoas que trabalham com algum comércio, na grande maioria das vezes essa pessoa não tem um diploma em administração ou mesmo em economia, porém, consegue ter bons resultados. O mesmo se aplica a pessoas que trabalham por exemplo com produtos de origem agrícola, muitos não possuem graduação em engenharia agrícola ou cursos semelhantes. Um garçom, um auxiliar administrativo, um motorista... dentre muitas outras funções, que são importantes para o convívio em sociedade, não precisam de um curso superior para que exerçam suas funções. Por outro lado, fica claro que para exercer qualquer função, o indivíduo tem que buscar algum conhecimento, mesmo que seja um simples treinamento.

Logo, fica claro que nem todas as pessoas precisam fazer faculdade para serem felizes e conviverem bem em sociedade, existem diversos caminhos a serem traçados, o que responde a pergunta inicial desse texto. 

Limitar as carreiras dentro de uma necessidade de nível superior acaba por criar diversas formas de preconceitos, sendo que, esses preconceitos se baseiam principalmente no caráter salarial. Criou-se uma importância tão grande ao diploma de nível superior que um indivíduo que o possui, devido à sua qualificação, faz com que o piso salarial de sua categoria seja extremamente alto.

Nesse ponto entramos no caráter mais importante desse texto e, daqui para frente, torna-se importante que o leitor tenha mente aberta para conseguir compreender o que se expõem. 

Um grande problema que vivemos no mundo acadêmico hoje, é o fato de que no Brasil está ocorrendo um fluxo exorbitante de pessoas no nível superior. Isso pode parecer algo muito bom, porém, é um grande engodo. Imaginem que existe uma linha bastante tênue entre qualidade e quantidade, sendo que, quanto mais pessoas adentram à academia, menos qualidade se tem, uma vez que, as instituições não possuem competência e instalações para trabalhar com tanta gente. 

No ano de 2007 foi iniciado um projeto conhecido como REUNI (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que tem como objetivo repassar verba para aumentar o número de vagas nas universidades federais e até mesmo auxiliar na criação de novos campus pelo Brasil. Entretanto, esse projeto, que faz parte do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), acabou aumentando bruscamente o número de alunos e dessa forma, diminuindo o número de corte no vestibular para diversos cursos, ou ainda, permitindo que os cursos não finalizassem o total de número de vagas, havendo a necessidade de crer por várias listas de espera, tendo a finalidade de completar um curso. 


O grande problema disso é que muitos alunos entram já perdendo provas e trabalhos, o que muitas vezes prejudica muito o curso. Eu tive vários colegas de curso que entraram com matérias em desenvolvimento avançado, ou seja, perderam experimentos, relatórios, trabalhos e dessa forma se prejudicaram, pois, não podiam refazer os mesmos. Como consequência disso, esses alunos acabaram se complicando em matérias que eram pré-requisito para matérias de outros semestres. Dessa forma, em vez de fazerem o curso em 5 anos (Licenciatura em Química da UFSCar), fizeram o mesmo em muito mais tempo, chegando ao ponto de quase jubilarem. Ocorreu também o fato de outros alunos também não conseguirem ficar no curso e abandonar o curso.

Abandonar um curso é algo péssimo para a instituição, pois, existe toda a burocracia de inscrição do aluno e se o mesmo, entrar em um curso de abrangência das Ciências Naturais, o custo mensal do indivíduo é bastante alto, pois o consumo de reagentes e aparelhos laboratoriais é caríssimo. Nesse escopo, ter um gasto alto e não garantir a formação do aluno é um déficit absurdo.

Duplicar o número de vagas de alunos nas universidades federais também prejudica as matérias, uma vez que, nem sempre existem anfiteatros para receber tantas pessoas e assim desenvolver uma aula. Para o docente também se mostra algo extremamente complicado, uma vez que não existe possibilidade de marcar horários de dúvidas individual, prejudicando assim o aspecto educacional da matéria. A nível social, para conseguir receber e sustentar o dobro de pessoas, as universidades tem que garantir um número grande de alojamentos, bolsas, distribuição de alimentação, além de serviço básico.

Sabendo ainda que, pelo motivo de permitir um grande número de pessoas na universidade, as listas correm mais, permite-se assim, a entrada de pessoas que não estão ou não são preparadas, ou que ainda não possuem a vocação profissional para um determinado curso. Isso também é prejudicial, pois a longo prazo ocorrem abandonos de curso, gastos que não eram necessários, desvalorização do curso, matérias perdendo qualidade e, como consequência, a formação dos indivíduos se torna bastante desqualificada. 

Em muitos cursos, a ementa curricular tenta melhorar a formação dos alunos, com o adentramento de matérias básicas, as quais os alunos já deviam dominar, entretanto, preencher espaços da ementa com conteúdo básico acaba culminando em cursos mais longos ou mesmo em cursos que retiram matérias importantes, pois, consideram ser complexas demais para grande parte dos discentes. Dessa forma existe uma formação mais desqualificada dos indivíduos.

Em resumo, o que podemos extrair do que ocorre hoje nas universidades federais brasileiras (estou trazendo isso sem propaganda política, sem querer justificar algo a nível de esquerda ou direita e sem querer criar algum nível de preconceito), é que se preocupa mais com quantidade do que com qualidade. E essa quantidade colapsa diretamente com postos de trabalho, uma vez que, a pessoa se forma, mas, concorrendo com ela por um único posto de trabalho, existem mais uma centena de outras pessoas, que são "qualificadas" e possuem um piso salarial alto. Como consequência imediata disso são "profissionais" trabalhando em frentes completamente opostas à sua formação.

No meu ponto de vista, todas as profissões devem ser valorizadas, assim como as diversas formas de inteligências que são necessárias para desenvolver tais atividades. Como educadores precisamos alertar os indivíduos que estão em formação que existem diversos caminhos, e a existência de diversas matérias na ementa curricular da escola mostra bem isso, ou seja, o caminho acadêmico não é o único ambiente possível para a sobrevivência profissional, entretanto, existem outras formas de se buscar um futuro, desde que seja uma ocupação honesta e que não prejudique ao próximo. É mais do que óbvio que deve ser exposto claramente que, o único caminho a ser seguido é o esforço e a necessidade de estudo, em outras palavras, a necessidade individual de busca do profissionalismo. 

Seria ideal que os órgãos de gerencia da educação no Brasil garantissem uma formação básica excelente e que levassem os alunos poderem escolher se querem vida acadêmica ou não, ou seja, que garantissem a possibilidade dos alunos tomarem a decisão se querem fazer ensino superior. Isso evitaria manobras políticas que visam somente a quantidade e não qualidade. Geralmente essas manobras políticas somente tem como função gerar números, para dizerem que durante o mandado foi um período de intensa entrada no nível superior. Ou seja, fazem isso por pura propaganda, tendo finalidade de angariar mais votos.

Ainda dentro do meu ponto de vista, todas universidades, sejam estaduais, federais e até as particulares, deviam levar em consideração o currículo escolar dos ingressantes, tendo como finalidade conseguir classificar quem se mostra apto, desde os níveis escolares mais baixos, a entrarem em um determinado curso. Para as vagas remanescentes haveria um vestibular de nível médio a difícil, com finalidade de determinar quem tem qualidade, mesmo não sendo reportado no histórico, pois como disse anteriormente, existem diversas formas de inteligência e, mesmo sem notas excelentes dentro de uma área do conhecimento, é direito de qualquer um querer buscar uma nova forma de conhecimento, por isso, existe a necessidade do vestibular, com nota de corte e limite de vagas em cursos (se é que sobrariam devido a análise de currículo).

Obviamente essa minha ideia somente seria aplicada de uns anos para frente, já que deve ocorrer uma geração inteira de formandos ainda, além de uma mudança no currículo educacional. Porém, evitaria a entrada de um grande contingente de pessoas que não possuem a vocação dentro uma frente, mas que somente escolheram prestar pelo fato da lista correr muito, ou de haver um grande número de vagas, ou da nota de corte ser pequena, ou ainda de entrar no curso para tentar transferência.

Explicando melhor aos alunos e reformulando a forma como o ensino superior é exposto, quebrando o paradigma de que você não pode ser nada sem um diploma universitário, torna-se muito mais saudável a vida de todos. Ou seja, no meu ver, o mundo acadêmico não é para qualquer um.

Em breve pretendo trazer um texto referente a patologias que são desenvolvidas durante o ensino superior, devido aos problemas emocionais que o paradigma "Você não é nada sem um diploma" trás nos diversos níveis acadêmicos. 

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Como se preparar para as burocracias da pós-graduação no ingresso do mestrado ou doutorado.

Atualmente iniciei o doutorado na USP, mais especificamente no IQSC, entretanto, não estou mais trabalhando na área de pesquisa aplicada, onde fiz meu mestrado em química teórica (para quem não sabe o que é química teórica em breve farei um texto falando sobre essa área, mas fica a priori a explicação resumida: Química Computacional), sendo que hoje retornei para a minha área de formação mais específica, que é a licenciatura.

Meu projeto envolve o estudo do desenvolvimento do espírito científico dentro de uma abordagem de ensino de química, usando maquetes científicas no âmbito de ambientes não-formais. Mas, não quero ficar falando sobre meu projeto propriamente dito. Hoje eu quero explicar sobre as burocracias iniciais que existem na estrada no universo da pós-graduação.

Essa transição entre graduação e pós-graduação pode ser muitas vezes traumática ao ex-graduando, pois a cobrança frente ao caráter profissional começa a ser mais recorrente, ou seja, o status de simples aluno começa a ser ultrapassado e a pessoa se vê na necessidade de expor suas competências. Dessa forma, é importante ao graduando começar a pensar se quer fazer pós-graduação já nos últimos anos do curso. Em outras palavras, é interessante o aluno já ir pensando qual frente lhe apetece mais.

Além disso, também é importante o estudante buscar em seu currículo quais são os melhores trabalhos que produziu durante a graduação. Dessa forma, é interessante manter o currículo sempre atualizado, para que não perca tempo durante a inscrição para o mestrado ou doutorado direto. Na minha opinião é muito bom usar a Plataforma Lattes (Em homenagem ao físico brasileiro César Lattes) que é um site da CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Nessa plataforma o usuário disponibiliza publicamente o próprio currículo, expondo desde participação em eventos científicos, até mesmo artigos publicados e projetos desenvolvidos. É uma forma para alunos de fim de curso, além de organizar seus dados, para depois usarem os mesmos na inscrição de uma pós-graduação, também é uma ferramenta de maior conhecimento sobre profissionais da área escolhida.

Figura 1: Entrada do site da Plataforma Lattes.

Voltando agora às características específicas da pós-graduação, os cursos brasileiros buscam garantir a internacionalização dos cursos, dessa forma, além de organizar a empregabilidade também é imprescindível se preparar em uma língua estrangeira, sendo que, é de praxe o inglês. 

Alguns programas de pós-graduação em ciências naturais (como no caso o IQSC), cobram já na matricula para a pós-graduação (seja mestrado ou doutorado) a proficiência em inglês, em outras palavras, após ter passado na prova de classificação, seja com bolsa ou sem bolsa, o aluno tem que comprovar já na matrícula que tem competência em inglês. Em geral, as provas de inglês para o mestrado são bem simples e, buscam garantir que o ingressante tenha ao menos a capacidade de ler e interpretar um texto em inglês. No IQSC é aceito a modalidade TEAP (Test of English for Academic Purpose) para ingressantes no curso de mestrado, que se baseia em leitura de texto e questões sendo respondidas em português. Entretanto no doutorado o IQSC cobra como mínimo a modalidade WAP (Writing for Academic Purposes), sendo que nesse tipo de prova todas as questões são em inglês, os textos são em inglês e as respostas devem ser em inglês. 

Em outras instituições, por outro lado, já se cobra o TOEFL (Test of English as a Foreign Language), o qual busca uma análise mais aprofundada, onde o aluno faz testes desde escrita e leitura, até mesmo aos testes de interpretação de textos falados. O TOEFL geralmente é mais cobrado a nível de doutorado, mas como critério inicial é importante o aluno se preocupar com o tipo de prova de vigente no programa do curso escolhido. Em várias instituições, como por exemplo na pós-graduação do Departamento de Química da UFSCar, a proficiência em língua estrangeira pode ser entregue dentro de um período específico do curso, entretanto, sempre antes da qualificação e da entrega do documento base do projeto.

Dependendo do programa de pós-graduação nem sempre é preciso fazer uma prova escrita para se ingressar no mestrado ou no doutorado. No IQSC, para que se inicie o curso de mestrado há a necessidade de se fazer uma prova de química geral, sendo que existe número mínimo e máximo de ingressantes, ou seja, o concorrente precisa alcançar um valor mínimo de pontos para conseguir ingressar no mestrado. Tanto para o mestrado quanto para o doutorado, a prova é a mesma, sendo que, por ser uma prova desenvolvida pelos professores do instituto, ela pode variar em número de questões, se será discursiva ou de múltiplas escolhas, se é em português ou em inglês. Em outros programas é mais comum uma prova discursiva, entretanto também pode ocorrer entrevistas e análise de currículo como critérios únicos de seleção. A análise de currículo aliada de uma prova se mostra  o mais comum em todos os programas de pós-graduação, entretanto é muito importante ler o edital com cuidado. No curso de doutorado do IQSC existe ainda a possibilidade de fluxo contínuo, ou seja, não é necessário o ingressante fazer a prova de química (que nesse caso tem maior função de classificação para bolsa), sendo que, somente é feita a análise do currículo do ingressante juntamente com sua proficiência em inglês.

Quando se determina que a pós-graduação é o caminho a ser tomado, é interessante o aluno durante a graduação mesmo, já ir conversando com algum professor e desenvolver algum projeto de iniciação científica, para que dessa forma, além de gerar produções para o currículo, também consiga compreender se uma determinada área realmente é a que se tem mais aptidão. É extremamente comum mudanças de área dentro da pós-graduação, pois a pessoa não se preparou muito bem. No meu caso, eu resolvi ir trabalhar com química teórica, pois no meu curso de licenciatura não foi oferecida a frente de quântica, então achei interessante para meu currículo procurar algo que fortalecesse esse viés. Geralmente ir na direção de algo que você não domina é algo bastante complicado, pois, o universo da pós-graduação cobra uma posição mais profissional do indivíduo e, na maioria das vezes, quando ocorre essa modificação de frente, o aluno acaba ficando perdido ou seu trabalho demora para gerar frutos. 

Então, a busca durante a graduação por uma área a ser seguida é de extrema importância, pois ajuda a preparar o currículo, principalmente para candidatos que escolhem a opção de doutorado direto. Para essa modalidade, existe a necessidade de um currículo muito forte, com publicações de artigos durante a graduação (principalmente como primeiro autor), além de possíveis experiências no exterior, bons estágios e até mesmo com desenvolvimento de patentes. Além disso o currículo acadêmico deve ser impecável sem reprovações e excelentes notas. É claro que isso é bastante difícil, mas não impossível, se não, a modalidade nem mesmo existiria (e nem é tão difícil encontrar pessoas fazendo doutorado direto nas universidades).

Depois disso tudo, alguns programas exigem que o ingressante entregue em curto período de tempo o projeto de pesquisa, o qual é analisado rigorosamente. Nesse caso se o mesmo não for aprovado, o ingressante perde a vaga e, isso não é tão raro, sendo que existem vários casos de alunos que ingressaram no programa e perderam a vaga pois não se prepararam para a escrita de um bom projeto. Por isso, é importante buscar contato com professores antes mesmo de fazer a prova da pós-graduação ou de qualquer processo seletivo. Isso é importante pois o docente pode ter algum projeto sendo escrito, ou mesmo já escrito, o que pode ajudar muito o ingressante. Eu quando entrei no mestrado não tive que escrever o projeto, pois meu orientador já tinha um pronto para se iniciar o trabalho, tanto que, mal entrei no mestrado e já comecei a trabalhar a todo vapor. Já no doutorado é de praxe que o aluno escreva sozinho seu projeto, uma vez que se espera um maios domínio desde a escrita científica, levantamento bibliográfico e principalmente na capacidade argumentativa no que tange a defesa de uma ideia.

Um projeto de pesquisa inicialmente se baseia em uma ideia do que se pretende trabalhar, sendo que o mesmo é dividido em pelo menos cinco partes: Resumo, Introdução, Estado da Arte, Metodologia e Referencias. Em geral os programas cobram umas vinte páginas, incluído capa e a bibliografia. A parte de bibliografia, ou os referenciais teóricos está ligado diretamente ao estado da arte, uma vez que nessa parte o autor cita as principais fontes e trabalhos mais modernos dentro da pesquisa que deseja desenvolver. A critério de projeto de pesquisa é comum serem mencionadas umas trinta referências bibliográficas, o que a nível de mestrado corresponde a praticamente um terço do que se tem dissertações na área de ciências (notem que isso é uma característica bastante específica, outras frentes como humanas e biológicas isso pode variar muito). Algo que pode ser citado no projeto de pesquisa são os resultados esperados, o que trás ao leitor uma impressão de maior coesão e solidez frente a proposta de pesquisa, sendo que esse tópico é adicionado entre a metodologia e as referências, pois concatena o forma que a pesquisa será desenvolvida, o conjunto de técnicas e os referenciais teóricos.

Além do projeto de pesquisa, dentro da área de pesquisa aplicada em ciências naturais e engenharias, é bastante comum os programas de pós-graduação cobrarem uma busca por patentes referente ao seu projeto de pesquisa. Em outras palavras, após o ingressante entregar sua proposta de pesquisa existe a necessidade de comprovar que ela é inédita dentro do escopo da pesquisa, sem que haja algum plágio ou mesmo patentes iguais. Para se evitar isso existem diversas plataformas de procura de patentes, sendo o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) a principal no ambiente nacional. Outras

Figura 2: Entrada do site da plataforma de pesquisa por patentes do INPI.

Alguns outros exemplos de plataformas de pesquisa por patentes, mas no âmbito internacional são:

Podemos finalizar todo o caráter burocrático do ingresso na pós-graduação com um resumo:
1 - A pós-graduação se inicia na graduação:
A pessoa que pensa em fazer pós-graduação tem que se preparar na área que escolheu, desde a parte específica para a seleção (seja prova ou entrevista) até mesmo na língua estrangeira, além disso a busca por contatos com professores que possam orientar na graduação e assim dar continuidade ou ajudarem na escolha do caminho a ser trilhado é imprescindível.

2 - Língua estrangeira:
Não perca tempo para iniciar os estudos em uma língua estrangeira (eu cometi esse erro), principalmente o inglês dentro das ciências naturais e engenharias. A maioria dos eventos que ocorrem no ambiente acadêmico são em inglês, além do que, os artigos das revistas mais importantes, mesmo que não seja americanas ou inglesas, costumam publicar em inglês, pois essa é a língua mais comum dentro do universo acadêmico e científico.

3 - Ingressando na Pós-Graduação:
A primeira coisa a ser feita quando se escolhe fazer uma pós-graduação é ler atentamente o edital, para se ter noção do conteúdo a ser cobrado na seleção, qual o tipo de seleção ocorrerá, se a proficiência pode ser entregue depois da matrícula, se o projeto tem que ser entregue na matrícula, se a seleção é paga, se a prova ocorre somente no campus da instituição, quais são as áreas que o ingressante pode se inscrever, quais documentos devem ser separados para a inscrição e para a matricula. Ou seja, deve-se estar preparado desde o início para as burocracias, sendo interessante isso pois, em geral, os documentos são sempre os mesmos para diversas instituições (caso o aluno queira prestar prova em mais de uma instituição).

4 - Projeto de Pesquisa:
O projeto de pesquisa é intimamente ligado com o contato inicial com o orientador, por isso, é importante antes mesmo de iniciar o processo burocrático conversar com professores de universidades (caso o ingressante quiser prestar a seleção de pós-graduação em mais de uma instituição), e perguntar quais tipos de projetos o docente está interessado em desenvolver no período, ou se já tem alguma proposta iniciada e precisa de alguém para continuar o projeto, ou ainda mesmo se concorda em desenvolver uma proposta do próprio aluno. E também é claro, adequar o projeto dentro de uma busca de patentes, reescrevendo o documento quando necessário para diferenciar de possíveis projetos já trabalhados.