sábado, 11 de fevereiro de 2017

História da Química | Civilização Egípcia - Parte 2

Nesse post temos a segunda parte sobre a aula de história da química, tendo como tema a civilização egípcia. Então, vamos falar sobre Papiro, Cerveja e Cosméticos, a seguir temos o vídeo e uma descrição escrita sobre o que encontramos no vídeo. 

Essa parte escrita é uma forma de script que uso para montar as aulas, sendo que, eles tem um grande resumo, para que eu vá lendo e falando durante o vídeo, sendo que, muitas partes eu acabo cortando na edição, já que, na realidade os vídeos ficam bem longos. Mesmo passando pela edição, ainda não consigo resumir a informação num todo, ou seja, os vídeos ficam num padrão que o youtube não gosta, pois são vídeos longos, uma vez que para o algoritmo do site, quanto mais longo o vídeo, mais estafante ele deve ser e, com isso, menos acessos ele vai ter e, se tem poucos acessos, não compensa mante-lo em evidência. Porém ao meu ver, a informação é mais importante, então, meus vídeos, pelo falto de serem aulas, eles vão sempre ter mais do que 20 minutos. 

Vale ressaltar que o script, ou seja, o resumo que você vai usar durante o vídeo, fica muito interessante se ocupar uma página, ou seja, quando eu estava falando sobre o Papiro, eu tentei resumir tudo sobre o tema em uma única página A4 ou do editor de texto aberto no computador. Isso garante que você não se perde durante a gravação de um vídeo ou durante uma aula. Como é um resumo, esse não vai ter toda a informação que você irá passar, mas sim, uma sequência de lembretes para que o professor mantenha uma sequência lógica.

Eis o vídeo da segunda parte:




Eis o resumo: 

Papiro (Cyperus Papyrus)
Foi por volta de 2500 a.C. que os egípcios desenvolveram a técnica de fabricar folhas de papiro, considerado o precursor do papel. Para confeccionar o papiro, corta-se o miolo esbranquiçado e poroso do talo em finas lâminas. Depois de secas, estas lâminas são mergulhadas em água com vinagre para ali permanecerem por seis dias, com propósito de eliminar o açúcar.

No talo do papiro existe açúcar, então se adicionando o mesmo em uma solução de vinagre contendo acetobactérias elas fermentam esse açúcar produzindo álcool. No meio reacional então ainda sobra ácido acético e álcool e, se tem o início do processo organossolve.

Processo organossolve - Envolve reação com um álcool (metanol, isobutanol, ciclo hexanol ou álcool benzílico) e ácido acético. Os álcoois combinam com a lignina na presença de ácidos minerais formando a lignina alcoólica, solúvel, com rendimento de 30%.

Outra vez secas, as lâminas são ajeitadas em fileiras horizontais e verticais, sobrepostas umas às outras. A sequência do processo exige que as lâminas sejam colocadas entre dois pedaços de tecido de algodão, sendo então mantidas e prensadas por seis dias. E é com o peso da prensa que as finas lâminas se misturam homogeneamente para formar o papel amarelado, pronto para ser usado.
O papiro pronto era, então, enrolado a uma vareta de madeira ou marfim para criar o rolo que seria usado na escrita. A lignina é uma macromolécula amorfa encontrada nas plantas terrestres, associada à celulose na parede celular cuja função é de conferir rigidez, impermeabilidade e resistência a ataques microbiológicos e mecânicos aos tecidos vegetais.


Cerveja
A cerveja, assim como chás, o hidromel e o vinho, possuem grande importância na sobrevivência dos humanos, sendo que, as civilizações onde havia o costume de se tomar essas bebidas conseguiram florescer.

Isso se dá pois no processo de produção desses compostos, muitas vezes, se tem a necessidade de fervura da água, filtragem e alteração do pH da mesma, ou seja, ocorrem processos químicos e físicos, que acabam matando microrganismos patogênicos. Logo, a civilização que consumia bebidas que se tinha a necessidade de produzi-las, tiveram menos casos de cólera, que era uma das doenças que mais matava na época. Os surtos de cólera se davam pois as pessoas despejavam seus resíduos nos mesmos rios e lagos de onde tiravam sua água para consumo próprio, logo, doenças estomacais eram comuns e fatais.

Então, tomar cerveja, era um ato que todos faziam no Egito, fosse adulto, criança, faraó, ancião... todos bebiam. Obviamente o sabor e o fato do álcool causar o relaxamento eram os fatos pelo qual as pessoas tomavam, mas também, ao longo do tempo, as pessoas perceberam que, beber água do rio fazia mais mal do que a cerveja. Eles até então não sabiam que existiam microrganismos perigosos na água do rio, mas conseguiam correlacionar o fato da água pura do rio causar doenças.

A cerveja já estava presente à mesa dos egípcios a mais de 5000 anos, sendo tão importante que era considerada um excelente presente para o faraó. A cerveja provavelmente foi uma consequência da produção do pão, uma vez que, o fermento usado no pão era usado na cerveja e a matéria prima era a mesma, ou seja, o trigo. Por algum descuido e por muita sorte, provavelmente algum pote de barro ficou alguns fechado com água, fermento e trigo, o que proporcionou a fermentação dos açucares que existem no trigo.

Uma fermentação se baseia na quebra de um açúcar para a produção de álcool e gás carbônico. Essa quebra é desenvolvida por bactérias anaeróbias, ou seja, que não suportam oxigênio e por isso precisam de um ambiente controlado. Por isso se acredita que a cerveja tenha sido um resíduo da produção de pão, onde pode ter entrado água por descuido dentro de um pão que estava em descanso e, obviamente, o mesmo foi esquecido fechado por alguns dias.

Outra característica importante da cerveja é que o mestre cervejeiro era um especialista que além de produzir a bebida real, ele era responsável por fazer a cerveja para os mortos, ou seja, a cerveja era tão apreciada que os egípcios queriam leva-la para o mundo dos mortos também. Essa importância era tão grande que o mestre cervejeiro tem um hieróglifo especial só para ele. 


Cosméticos
Os egípcios se mostraram preocupados com a aparência e tratamentos de pele já a uns 2500 anos antes de Cristo. Uma das funções é que a população tinha muitos problemas com pestes, o que assolava a aparência daqueles que ficavam doentes. Uma peste muito comum eram os piolhos e, por esse fato acabavam raspando a cabeça e usando perucas, então era comum os nobres usarem perucas dos cabelos de cervos. Para demonstrarem algum diferencial físico e dessa forma, mostrarem que tinham alguma importância na sociedade, além de adornos metálicos, eles usavam pigmentos para pintarem a pele.

As principais cores que eles usavam eram branco, vermelho, azul, verde e preto, sendo que essas cores eram extraídas principalmente de minerais, como por exemplo o azul, que era extraído do Lapis Lazuli (Feldspato - (Na,Ca)8(AlSiO4)6(S,SO4,Cl)1-2), o verde da malaquita (minério de cobre), o preto da galena (minério de chumbo)Obviamente a galena é tóxica, pois o chumbo leva a uma doença chamada saturnismo, onde afeta o desenvolvimento físico e mental.

Porém, obviamente, foi observado que as tintas usadas para pintar a pele, traziam benefícios, dessa forma, eles começaram a acreditar que era por causa de alguma mística ligada aos deuses, sendo que Osiris, um dos deuses mais importantes, era representado com a pele verde, ou seja, estaria coberto por pigmento de malaquita. Essa tinta ajudava a hidratar a pele, uma vez que por ser aplicada em forma de uma pasta, ajudava a segurar um pouco de água por mais tempo na pele, uma vez que o ambiente onde se encontra o Egito é equatorial e, dessa forma, muito quente. Outro fato para o uso contínuo dessas tintas é que como se encontravam muitos silicatos nas mesmas, ao passa-las, ocorria a esfoliação da pele, o que ajudava a remover pele morte e ao mesmo tempo hidrata-la.

Além de tudo isso, os egípcios também já sabiam produzir um composto que usamos até hoje para limpeza. O sabão era feito a partir de gordura animal, cinzas e água. A gordura animal era rica em proteínas e as cinzas de carvão ajudavam a elevar a basicidade do meio, o que culminava na produção de um composto pastoso, o qual muitas vezes eram adicionados os pigmentos gerados com os minerais (malaquita, lapis lazuli e galena). Conforme a cor do sabão produzido ele podia ter um uso específico segundo as crenças deles.

O sabão ele surge de uma reação conhecida como saponificação, onde se tem a hidrólise de lipídios (um éster de ácido graxo), com o uso de uma base forte sob aquecimento, gerando, um álcool (glicerol) e um ácido graxo, ou seja, o sabão.

O sabão é uma boa forma de reciclar óleo de cozinha, o que evita desse composto ser despejado no esgoto ou em corpos d’água, que podem poluir milhares de litros de água.

Uma fórmula de sabão caseiro é a seguinte:

1L de óleo de cozinho usado em frituras (filtrado sem resíduos sólidos).
400 mL de água limpa.
120 g de soda cáustica (Hidróxido de Sódio).
100 ml de vinagre (Ácido Acético)

Inicialmente adiciona-se a água e o óleo em um recipiente, pode ser uma garrafa PET, em seguida, com muito cuidado se adiciona escamas de Hidróxido de Sódio, que deve ser adicionado lentamente, uma vez que a reação de saponificação é exotérmica e com a adição da energia cinética do ato de derrubar a soda na mistura contendo água e óleo, pode ocorrer um aquecimento brusco e a solução espirrar com força para fora ou pode acontecer de derreter o plástico. A soda é extremamente corrosiva e causa queimaduras, por isso deve ser usado jaleco e luvas no manuseio. Também é indicado proteger o nariz com um pano e os olhos com óculos de acrílico. Outra característica é que a mesma é Higroscópica, ou seja, absorve água e começa a ficar hidratada (começa a ficar meio melada).

Depois de adicionados os compostos, então, deve-se mexer o sistema suavemente, afim de ajudar a misturar melhor os compostos. Após isso deixe o recipiente parado e quando estiver endurecido, isso pode levar mais de um dia em alguns casos, desenforme o sabão. Se usar uma garrafa PET, você poderá fatiar a garrafa, o que é muito prático.

Após isso, pode-se usar um pouco de vinagre se restar algum composto líquido, afim de provocar uma reação de neutralização, caso essa possível solução restante esteja muito básica.